“Febre, indisposição generalizada e eritema facial, que se generaliza aos membros e tronco” são, nas palavras de Margarida Tavares, infecciologista no Hospital de S. João, alguns dos efeitos possíveis da “doença da bofetada”.

Margarida Tavares não vê razões para alarmismos nos surtos que surgiram em algumas escolas do país, e mais recentemente num agrupamento de escolas em Baião. “Este é um vírus muito habitual, de fácil transmissão” e que, por isso, “por vezes causa surtos, sobretudo no final do Inverno e início da Primavera, esclarece a especialista.

O parvovírus B19 transmite-se “pelo contacto próximo entre as pessoas, através de via respiratória, de gotículas que os doentes ’emitem’ ao respirar”, esclarece. Também conhecida como “a quinta doença”, a doença da “bofetada” afecta sobretudo “crianças em idade pré-escolar e escolar, entre os 4 e 10 anos”, mas a transmissão só é possível a “contactos susceptíveis”, isto é, pessoas que nunca apanharam o vírus. Margarida Tavares conclui assim que “a maior parte dos adultos já é imune a esta doença”.

Quando diagnosticada em adultos, a doença pode implicar “algumas complicações, mas ainda assim, nada de especial”, afirma a infecciologista. Estas podem estar relacionadas com “anemias ou arteriopatias, que não têm muita gravidade”.

No caso de mulheres grávidas, “a doença pode ser transmitida da mãe ao feto, durante a gestação”, o que já envolve mais riscos. “O período mais crítico para a transmissão é o segundo trimestre, e pode estar na origem de abortamentos espontâneos ou malformações do feto”. A médica ressalva, no entanto, que estes são “casos muito raros”, uma vez que a maioria das “mulheres, no seu período fértil, já estão imunes à doença”.

O diagonóstico do vírus é “clínico, feito através da observação do paciente” e não implica outro tipo de “testes laboratoriais”. Os sintomas desaparecem “ao final de algumas semanas, sem serem necessários cuidados de maior”, conclui a médica.