O Bloco de Esquerda voltou a criticar, esta quinta-feira, as políticas de emprego que vigoram em Portugal. Numa sessão aberta subordinada ao tema “Desemprego, Juventude e Precariedade”, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), as críticas mais fortes pertenceram a José Soeiro. “O trabalho precário é uma realidade do século XXI”, afirmou o sociólogo, servindo-se do termo “neofeudalismo” para ilustrar a analogia.

José Soeiro referiu-se essencialmente aos “jovens licenciados”, entre os quais, segundo o próprio, 30% são desempregados e 70% têem condições de trabalho precárias. A jovem cara do BE alertou ainda para a “chantagem” que muitos trabalhadores sofrem e que é o resultado da “instabilidade” nos empregos.

Para além de José Soeiro, Alda de Sousa, docente na Universidade do Porto e candidata ao Parlamento Europeu pelo BE e Ricardo Salabert, trabalhador de call-center e activista contra a precariedade, foram os principais intervenientes na sessão, integrada na Campanha contra o Desemprego encetada pelo BE no distrito do Porto.

Ricardo Salabert trouxe para a sessão a sua experiência enquanto trabalhador de um call-center. O activista falou em “climas altamente repressivos” e “anti-democráticos” vividos em ambiente de trabalho, e ilustrou com o exemplo de “jovens que apostam anos numa formação superior, mas ganham 500 euros e nem sabem se no próximo mês serão pagos”.

A crise “não é igual para todos”

A candidata ao Parlamento Europeu pelo BE, Alda de Sousa, ressalvou que, da totalidade de desempregados portugueses, “180 mil não recebem subsídio de desemprego”, alertando que a crise “não é igual para todos”. A dirigente bloquista falou ainda das erradas políticas da educação, referindo-se a uma “maioria de patrões com graus de escolaridade mais baixos que os trabalhadores”.

Entre as medidas referidas por Alda de Sousa contam-se a “vitória do fim do sigilo bancário”, e acabar com os ‘bónus chorudos’ entregues aos banqueiros que saem de um banco e acabam por ir para outro”. “Encerrar os offshores” e “proibir os despedimentos nas empresas com lucro” são outras das propostas do BE.

A sessão terminou com José Soeiro a deixar o apelo ao voto às eleições europeias que têm lugar no próximo dia 7 de Junho: “No mundo do trabalho não há democracia, mas, o voto do pobre e do rico valem o mesmo”, concluiu.