Assinalou-se esta quarta-feira, pela primeira vez, o Dia Mundial da Esclerose Múltipla. De norte a sul do país, fizeram-se caminhadas em simultâneo, nas quais participaram vários doentes de esclerose múltipla, familiares, voluntários e outros cidadãos que se associaram à iniciativa. O evento foi promovido pelo “Gang da Esclerose Múltipla” (EM), um grupo informal de auto-ajuda de portadores de esclerose múltipla.

A iniciativa tem o nome “Move-te pela Esclerose Múltipla” e é inédita nem Portugal. No Porto, foram muitas as pessoas que, por volta das 18h30, se concentraram no Castelo do Queijo para a caminhada de sensibilização.

Esclerose Múltipla afecta cinco mil portugueses

A Esclerose Múltipla é uma doença que atinge o sistema nervoso central e interfere com funções como a visão, locomoção e equilíbrio. Actualmente, afecta cerca de cinco mil pessoas em Portugal. Esta doença não tem cura, mas pode ser controlada com medicação. Visão dupla, falta de força e sensibilidade nos membros e alterações na memória são alguns dos principais sintomas da doença.

O evento faz parte de um dia que pretende ser o “dia do doente” explicou ao JPN, um dos mentores da iniciativa e membro do“Gang da EM” , Pedro Mendes que também mencionou a fundação do grupo de apoio a pessoas com Esclerose Múltipla. “Surgiu da necessidade de lutarmos contra as associações que não nos dão apoio”, critica o responsável, que descobriu ser portador de Esclerose Múltipla aos 17 anos.

Portadores de esclerose múltipla “olhados de lado”

“As pessoas não sabem e depois estas pessoas sofrem muito porque além da doença são olhados de lado e têm muitos rótulos”. É como Maria Mendes, mãe de Pedro e uma dos muitos familiares que participara, na iniciativa, descreve a situação dos doentes de Esclerose Múltipla

A revolta é comum a Irene Monteiro, que descobriu há vinte anos que era portadora da doença. Actualmente, é membro do “Gang da EM”. “Ao menos é um ponto a nosso favor”, diz Irene Monteiro que falou ao JPN da importância da iniciativa e revelou que Portugal “não apoia em nada as pessoas com doenças crónicas”. “O governo tinha que apoiar muito mais, o que nós conseguimos é só feito pelos doentes”, acrescenta.

Numa caminhada de quatro quilómetros do Castelo do Queijo à Praia do Molhe, no Porto, não faltaram também voluntários. Carla Ferrão envolveu-se no projecto em pouco mais de semana e tornou-se voluntária do Gang da EM por estar envolvida “até ao pescoço”, como revelou ao JPN. À caminhada, juntaram-se ainda alguns ciclistas.

À chegada à Praia do Molhe, na Foz, o grupo promoveu uma aula de Tai-chi. Segundo a professora, Ana Guedes, esta actividade ajuda as pessoas com Esclerose Múltipla a “relaxar” e a “corrigir alguns erros a nível de equilíbrio”. “As caminhadas são muito positivas. Devia-se alertar ainda mais para esta doença e para outras doenças neurológicas que estão bastante esquecidas”, destaca Ana Guedes.

“Esta caminhada é um sinal de luta na sociedade. Nós não somos nenhuns monstros que temos de estar acamados. Nós, doentes de Esclerose Múltipla, somos iguais a qualquer um”, finalizou Pedro Mendes.