Mensagens de Páscoa enviadas através do YouTube ou incentivos à oração divulgados no Twitter. Cada vez mais, as várias religiões apostam na Internet como uma forma eficaz de passar a mensagem e de atrair novos públicos.

Atendendo a este objectivo, a Igreja Católica acaba de lançar o portal “Pope2you” (ver caixa), uma forma que o Vaticano encontrou para se aproximar dos mais jovens. Um objectivo que é, aliás, partilhado por vários padres católicos com quem o JPN esteve à conversa.

António Jorge, responsável pela Pastoral das Vocações, Juventude e Ensino Superior, é um dos padres portugueses que recorre frequentemente à Internet, “por vezes até de forma desregrada”, confessa ao JPN. Para além do site pessoal, o pároco dedica-se, sobretudo, ao envio e reenvio de e-mail.

Em relação ao papel que as novas tecnologias desempenham no aliciamento de jovens para a religião, António Jorge salienta que a Internet é “uma porta muito importante nos dias de hoje”, principalmente a “nível da informação, da presença, da recepção da mensagem”. O padre destaca a “elaboração de websites” ou o recurso a “galeria de fotos e podcasts” ou até ao serviço “messenger” como algumas das ferramentas mais interessantes.

Vaticano cria portal “Pope2you”

O portal “Pope2you“, criado pelo Vaticano, surgiu no âmbito das comemorações do 43.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a 24 de Maio. O portal possui ligações às principais redes sociais, como o YouTube, o Facebook ou o Twitter, permitindo aceder a vídeos do Vaticano e a discursos do papa Bento XVI. Segundo a Agência Eclésia, o portal foi criado para transmitir a mensagem através de um “meio tecnológico próximo dos jovens”.

Já no caso de Renato Poças, padre na paróquia de São Pedro de Miragaia, o interesse pela Internet foi crescendo devido à adesão dos colegas à mesma. O Hi5 e o e-mail são as ferramentas mais utilizadas pelo pároco para comunicar “mais e melhor” com os fiéis. “Através do e-mail consigo cumprimentar, felicitar, aconselhar, partilhar com imensas pessoas em poucos minutos”, declara.

Renato Poças não acredita, porém, na influência das novas tecnologias nos jovens, pois considera o contacto pessoal mais importante. É uma “atractividade momentânea” que, “se não for trabalhada com compromisso, desaparecerá”, afirma. “As novas tecnologias são um complemento e não uma substituição”, remata.

“Há ideias que são ridículas”

A “vocação de Deus” está presente nas novas tecnologias. É esta opinião do padre Jorge Madureira. “O Deus da Comunicação e da Comunhão também se faz presente na Internet, com o Hi5, com o MSN, o MySpace ou o Twitter”, revela.

André Fernandes, 20 anos, concorda com esta posição, ao considerar que a Internet “é um ponto a favor, uma vez que as novas tecnologias estão cada vez mais na moda”. “A Internet é isso mesmo, é unir o mundo”, acrescenta.

Joana Carvalho, aluna de Criminologia na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, alerta, no entanto, para o perigo de as mensagens no YouTube poderem ser “abusivas” e, até, “manipular a opinião”. Se não for com esse intuito, não vê “nenhum problema”, diz.

Já Joana Pereira, educada num colégio católico, afirma que as mudanças não podem ser só no meio de transmissão. “Não é a forma como chegam aos jovens, são as ideias que têm de mudar. Deve mudar a abordagem. Há ideias que são ridículas”, destaca.