Em 1998, o Processo de Bolonha passou a ser uma realidade na União Europeia (UE). Idealizado desde os anos 80 como uma forma de competir com o desenvolvimento da América e da Ásia, Bolonha trouxe mais mobilidade, uma maior cooperação entre os alunos e professores europeus e uma maior facilidade no acesso ao emprego por toda a UE.

Em 2000, Portugal conheceu o Processo de Bolonha com a assinatura da Declaração de Lisboa. O documento estipula que, até 2010, todas as universidades do país têm de ter implementado, a 100%, o novo regime.

A comemorar o 98.º aniversário, na Universidade do Porto (UP) a palavra Bolonha é já bem conhecida entre os alunos. A vice-reitora, Maria de Lurdes Correia Fernandes, sublinha que também o é dentro da própria universidade. “A organização dos ciclos de estudo da universidade está, neste momento, praticamente a 100%. Mas, como todos os processos que implicam uma mudança cultural significativa, há ainda uma evolução a conseguir.”

Se alguns cursos foram completamente criados de raiz “já adequados a Bolonha”, autónomos ou “em parceria com outras instituições nacionais e estrangeiras”, outros houve que foram remodelados, apanhando alguns alunos desprevenidos a meio do percurso académico.

Maria de Lurdes Correia Fernandes explica que, muitas vezes, esta foi a única solução encontrada. “Foi um impositivo da própria legislação. Era muito mais custoso manter o velho sistema em simultâneo com o novo. É certo que se pode dizer que os estudantes que apanharam a transição foram algo sacrificados. Mas a verdade é que também tiveram oportunidade de transitar muito cedo ou então de concluir na licenciatura antiga.”

Bolonha ainda está “no princípio”

Apesar do processo de Bolonha já ser uma realidade em Portugal, Sebastião Feyo, delegado nacional ao Bologna Follow-up Group (BFUG), o grupo internacional que acompanha o processo, acredita que ainda haja aspectos a melhorar.

Para o responsável, o país ainda se encontra “completamente no princípio” no que toca ao “plano de adaptação das formações, na clarificação dos objectivos claros de cada ciclo de estudos, na apresentação desses objectivos em termos de resultados de aprendizagem e na evolução dos métodos de ensino e aprendizagem”

Ainda assim, “o balanço é claramente positivo”, acrescenta Sebastião Feyo, que não deixa, no entanto, de assinalar a necessidade de reforçar a confiança entre os membros da UE.

“Hoje que o desenvolvimento dos povos e das nações exige educação, cultura, investigação, inovação, só há um caminho”, diz Feyo. “Só é possível desenvolvermos essas vertentes se nos envolvermos intensamente em actividades de cooperação europeia a todos os níveis.”