Entre a Internet e as feiras de artesanato, os meios multiplicam-se no que toca à divulgação de trabalhos. A vontade de “não ficar para trás” no ramo faz com que, mesmo quando exercem a actividade em part-time, os artesãos não queiram ficar apenas em frente ao monitor do computador.

“Tento estar atenta, porque a Internet é um meio que também ajuda a divulgar o nosso trabalho, mas não é fundamental para as vendas”, diz Cláudia Andrade. A psicóloga considera que as feiras de artesanato como o Mercadinho dos Clérigos são, por isso, uma “boa oportunidade”

Quanto ao público, Cláudia não tem uma opinião formada. “Há alturas em que eu estou convencida que as pessoas aderem muito [às feiras de artesanato] e acham importante ter coisas originais.” Já noutras ocasiões, a artificie acredita que os trabalhos “não são valorizados” porque as pessoas encontram “rendas e costuras” em vários locais e não têm em conta que esses artigos não são “comparáveis” ao trabalhos de Cláudia que, enfatiza, “são originais”.

Culpabilizando a crise, Manuela Martins, artesã a tempo inteiro, lamenta a quebra de vendas. “Acho que é uma arte que toda a gente gosta, mas devido à crise isto está muito mau”, diz, embora compreenda que as pessoas tenham de “poupar” nas coisas que fazem “menos falta”.

Quebra de visitantes nas feiras

Isabel Santos, desempregada envolvida no mundo do artesanato, lamenta a dificuldade em conseguir uma banca nas feiras de artesanato. “Conseguir um lugar não tem sido muito fácil”, revela, até porque é necessário possuir um cartão de artesão ou feirante.

Miguel Oliveira, presidente da Federação Portuguesa de Artes e Ofícios, está ciente da triagem de participantes nas feiras. “Actualmente, o sector tem já legislação própria, que foi, entretanto, trabalhada com o sector e com os órgãos do Estado e que regulamenta a própria actividade artesanal”, esclarece.

O processo de participação em feiras de artesanato abrange quem tem formação na área e quem não a tem. O facto é que este tipo de eventos têm “sofrido uma quebra acentuada de visitantes”, diz o presidente.

Esta redução deve-se a diversos motivos, nomeadamente a “própria crise”, enfatiza Miguel Oliveira. Também a “falta de alguns critérios de qualidade relativamente à selecção de participantes nalgumas feiras tem prejudicado essa adesão do público”, remata.