Queria “salvar a floresta tropical”, socorrer o “jaguar”, “correr atrás dos macacos no meio do nada”. Mas, depois da primeira excursão com um engenheiro florestal, a actual investigadora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), Pamela de Faure, abandonou o sonho de sempre e agarrou um novo objectivo.

“Decidi salvar baleias”, diz, convicta. “Juntei-me à Biologia Marinha do grupo e até aprendi a mergulhar.” No entanto, aquela também parecia não ser a sua missão. “Gastar horas e horas no oceano também não era para mim”, confessa.

Ciências biológicas no CIBIO

O CIBIO é um dos mais importantes centros de investigação e desenvolvimento em Ciências Biológicas existente em Portugal. Com actividades nos vários domínios da biodiversidade, desde os genes e genomas às populações e ecossistemas, o centro assume um papel vital na promoção do conhecimento nesta área da ciência.

Foi então que viu, “entre as nuvens de um céu azul”, o seu futuro desenhado: queria ser botânica. “Podemos ir caminhando lentamente, pegar nas plantas, sentar e colocá-las entre os documentos, tirar fotos e admirar a vista em geral”, refere a investigadora.

Do Peru para EUA e depois para Portugal, Pamela de Faure trouxe uma bagagem carregada de ambições para o país onde encontrou o sonho da investigação e plantou as suas raízes. “Conheci o meu marido – um arqueólogo português – e decidi mudar-me para Portugal. Comecei à procura de emprego e acabou por ser frustrante porque ninguém me respondia aos e-mails“, recorda. Até que o CIBIO lhe concedeu a oportunidade ansiada.

“Recebi um telefonema. Eles estavam a formar um novo grupo que trabalha com plantas. E, pela primeira vez, tive a oportunidade de trabalhar num laboratório. É a outra face da moeda.”

“Gosto do CIBIO, é um local com muito movimento”

Pamela de Faure foi a uma entrevista no CIBIO em Outubro do ano passado, mas só começou a trabalhar em Março. “Há muita burocracia. Abrem concurso, fecham, seleccionam candidatos, esperam por queixas, esperam pela aprovação, contrato”, descreve.

A espera foi longa, mas Pamela gostou do que encontrou. “É um local muito movimentado. Há estudantes de doutoramento e mestrado, investigadores estrangeiros, muitas colaborações com instituições internacionais”, explica. Mas o que a deixa mais motivada é a projecção que o centro de investigação tem no estrangeiro.

Localizado no Campus Agrário de Vairão, o CIBIO está longe dos restantes centros de investigação ligadas à Universidade do Porto, o que para Pamela poderá ser uma desvantagem. “Estamos a trabalhar no fim do mundo”, confessou.

Falta de financiamento

O escasso financiamento em investigação em Portugal continua a ser um entrave para o desenvolvimento da área em território nacional. Nos EUA, Pamela de Faure aponta a “incompatibilidade entre trabalho e família” como a principal dificuldade na rotina de uma investigadora. Mas, aqui, os obstáculos são outros, diz a peruana:

“É difícil encontrar financiamento, mas isso acontece em todos os lugares. O que também torna as coisas complicadas aqui também é a burocracia”, desabafa, comparando a situação nacional com o panorama internacional.

Ainda assim, não deixa de confessar que o “CIBIO é um dos melhores lugares para fazer investigação no país”, confessa.