A opinião é de Nuno Markl, um dos humoristas da actualidade, para quem Herman contribuiu para desenvolver o humor como profissão.
Para Nuno Markl, um dos humoristas em mais evidência da actualidade portuguesa, há um elo em comum com os colegas de profissão: Herman José. Para Markl, o humor em Portugal “não seria o que é” sem o homem que protagonizou programas como “O Tal Canal” ou “Hermanias”.
“Acho que é o melhor humorista que temos”
La Salete Paiva é fã de Herman José desde os seus tempos de teatro, ainda muito jovem.Não consegue destacar nenhum programa em particular porque “eu via e gostava de todos os programas dele. Gosto como ele entrevista . Também gosto de o ver em coisas sérias.Acho que ele ate dava para apresentar o telejornal.É uma pessoa bem formada”, exlica a fã.”Eu gostava muito de conversar com ele. Mas tinha que ser ele a puxar a conversa”, acrescenta La Salet Paiva
Nuno Markl não poupa em elogios ao trabalho de Herman José, que considera fundamental para o estabelecimento do humor enquanto actividade profissional.
“Sem ele, o humor nacional não seria o que é. Provavelmente não haveria “Gato Fedorento”, não haveria “Os Contemporâneos”, não teria havido aquela explosão de novos comediantes por alturas do “Levanta-te e Ri”… Talvez estivéssemos um passo mais atrás”,diz.
Markl não nega a influência de Herman na sua orientação profissional pelo humor. “Eu sinto de uma forma muito directa, por colaborar frequentemente com ele, mas também porque foi “O Tal Canal”, em 1983, juntamente com o Flying Circus dos Monty Python, o que me estimulou a pensar na comédia como algo que eu gostaria de fazer ‘quando fosse grande'”, explica.
Das colaborações com Herman, Nuno Markl guarda as melhores memórias. “Sempre adorei trabalhar com ele. Havia uma mística especial em estar a criar um texto e a imaginar como é que ele iria interpretar aquilo. Ele é rápido, com uma noção incrível do que funciona e não funciona”, afirma, deixando uma explicação sob a forma de exemplo.
“Quando fazíamos rubricas de rádio, o Herman, muitas vezes, nem lia o texto previamente; atirava-se de cabeça e eu muitas vezes tinha a sensação de que, quando ele estava a interpretar uma linha, já estava a ler a seguinte mentalmente e a ter ideias para a interpretar. É um poder quase sobrenatural”, acrescenta.
Herman Enciclopédia como “prova de fogo”
Nuno Markl recorda ao JPN a primeira oportunidade para trabalhar com Herman. “Surgiu em 1995, a partir de um convite do Nuno Artur Silva para eu integrar a equipa das produções científicas.”
Herman tomara conhecimento de Nuno Markl depois de ouvir as suas “rubricas de humor na Rádio Comercial” e de “achar” que era o “humor certo para escrever com eles”. “Convidou-me num dia, e no dia seguinte eu já estava a reunir com ele, o José de Pina e o Miguel Viterbo, para criar coisas para a rubrica de rádio que o Herman tinha na altura (“As Músicas do Herman”) e para o programa “Parabéns” da RTP”, explica o humorista.
Mas as relações entre Herman e Markl não terminaram por aqui. Em 1997 surgiu a grande oportunidade de Markl, naquele que foi o primeiro programa de sketches da sua vida, o “Herman Enciclopédia”.