O culto pela animação japonesa tem sido uma das tendências mais crescentes dos últimos anos. Agora, também em Portugal começam-se a ver praticantes de uma das sub-vertentes mais peculiares dessa cultura: o cosplay.

Cosplay, uma abreviação para costume play, consiste em envergar a roupa e os adereços de uma personagem, normalmente originária de um desenho animado japonês (animé), de um jogo ou de uma banda desenhada (manga), do mesmo país. As convenções de fãs e os meets são as ocasiões escolhidas pelos cosplayers para conviver e partilhar experiências, trocando conselhos e explicando como criaram os seus próprios fatos.

As origens do Cosplay

É fácil encontrar antecedentes para o cosplay, desde as feiras medievais até aos múltiplos exemplos de pessoas mascaradas nas grandes convenções de banda desenhada, ficção científica e assuntos semelhantes, que ocorrem nos Estados Unidos. De facto, o próprio inventor do termo, Nov Takahashi, inspirou-se numa convenção de sci-fi em Los Angeles. Mas apesar de existir uma tendência crescente entre os cosplayers para abrir mais o leque de disfarces, incluindo personagens de filmes, séries e bandas desenhadas ocidentais, a cultura cosplay japonesa continua a possuir características bastante distintas. O exemplo mais estranho destas será provavelmente a proliferação de cafés cosplay, geralmente chamados maid cafés, nos quais cosplayers vestidos de empregadas e mordomos do século XIX servem refeições aos clientes.

Entre os fãs de animé em Portugal, o passatempo do cosplay já reúne alguns seguidores. Como sempre, a Internet ajuda a espalhar a tendência. Pedro Ricardo, um jovem cosplayer, explica que descobriu o cosplay “por acaso, enquanto procurava imagens de animé”. Para o jovem natural de Sintra, foi o site Animeportugal.net (um dos sites mais frequentados por cosplayers portugueses) que o levou a apresentar-se “oficialmente ao cosplay em si”.

“Não sabia que havia eventos em Portugal”, conta Álvaro Veios, que iniciou a sua actividade de cosplayer no Anime Weekend Aveiro 2006, uma convenção para entusiastas da animação japonesa. “Foi uma surpresa quando soube que iria haver um tão próximo de mim”, diz o estudante da Universidade de Aveiro ao JPN.

Mas o que leva uma pessoa a escolher um passatempo tão pouco usual? Segundo Marisa Alexandre, da Póvoa de Santa Iria, “é uma maneira de pôr em prática a minha criatividade na realização do fato e dos outros elementos que o compõem”. Para a jovem de 22 anos, esta é “também, uma forma de exprimir o meu gosto por um certo animé, manga ou jogo e entrar em contacto com pessoas que partilham o mesmo gosto pela cultura do animé“, para além de permitir “encarnar a personagem, aquilo a que os cosplayers designam de in character“.

Cosplay no Porto

No Porto, o maior local para eventos de cosplay parece ser a loja de banda desenhada Central Comics. “O nosso objectivo é incentivar o cosplay” explica Hugo Jesus, propósito esse que passa por fazer “descontos especiais” para quem aparece vestido de uma certa personagem em certas ocasiões, como o Halloween e o Free Comic Book Day (uma tradição exportada dos E.U.A. em que as lojas entregam edições especiais de algumas bandas desenhadas aos clientes gratuitamente).

Para além disso, também é na Central Comics que os entusiastas de cosplay com menos aptidões para a costura podem encomendar fatos das suas personagens favoritas. “Há cada vez mais gente a pedir”, garante a costureira Andreia Lopes. Também Hugo Jesus vê um crescimento no fenómeno, pois há “cada vez mais gente a fazer cosplay, e cada vez com fatos mais trabalhados” entre um público que, afirma, “anda entre os catorze e os vinte e poucos anos”.

O Futuro do Cosplay

Todos os adeptos entrevistados pelo JPN parecem concordar que o cosplay em Portugal está em crescimento, mas Álvaro Veios (ver Vídeo) nota que para alguns “é só uma moda”. “Alguns praticam cosplay pelo prazer de o fazer, de participar, da diversão, etc… outros fazem-no porque os amigos o fazem”, refere o cosplayer de Ovar.

Marisa Alexandre discorda: “Claro que tenho visto o grupo de cosplayers portugueses a crescer a cada ano que passa, mas quem entra nesta actividade só o faz porque gosta”. A cosplayer deixa ainda uma ideia bastante improvável. “Acho que ainda não vamos ver no dia-a-dia personagens de animé a passearem nas ruas portuguesas, mas até seria engraçado”, remata.