Em 1969 começou a ser traçado o caminho do planeamento do país a nível regional, com as Comissões Consultivas Regionais. 40 anos mais tarde, Carlos Lage, 14.º presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) garante que a “luta” pela regionalização “continua”.

As comemorações, no Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto, foram marcadas por uma mesa-redonda com personalidades variadas da região, da cidade e do mundo empresarial, onde se registaram opiniões antagónicas acerca do tema. Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, mostrou-se céptico quanto à possibilidade de descentralizar o país e afirmou que é preciso “fazer ver os políticos de que precisamos de políticas diferentes”. Já António Pires de Lima, administrador da Unicer, conseguiu vislumbrar “bons exemplos de regionalização” no país.

“CCDR soube adaptar-se”

Discussões à parte, Carlos Lage disse ao JPN que a CCDR-N se tornou um “instrumento útil de concepção de propostas, estudos”, que contribuam para a valorização da região Norte. “A CCDR [então Comissão de Coordenação da Região Norte – CCRN] nasceu antes do 25 de Abril e sobreviveu ao choque revolucionário. Depois soube acomodar-se à Constituição. E a partir de 1986, com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, as políticas regionais passaram a ser fundamentais e a CCDR soube adaptar-se”, relembra.

Mas para o presidente da instituição, o objectivo da regionalização tem de ser cumprido a breve trecho, porque “não é uma coisa que se possa andar a adiar” consecutivamente. “Ou se faz na próxima legislatura ou então será difícil fazer-se. Estou convencido de que a próxima legislatura será fundamental”, garante. A função da CCDR-N será “aproveitar para aclamar a regionalização como algo positivo e não só para o Norte”.

“Devemos projectar o Norte para nova etapa”

Para Lage, a região Norte, uma das mais pobres do país e a passar uma fase particularmente difícil devido à crise mundial, que levou ao encerramento de algumas unidades de produção e exportação, o caminho a seguir é o da “modernização do tecido produtivo e das actividades que incorporem o conhecimento e apoiem a exportação”.

O investimento nas potencialidades “do mar, do turismo e das questões ambientais” também
fazem parte da agenda da CCDR-N, tal como “as relações económicas com a Galiza”, existentes desde 1991. O objectivo? “Ser uma região que projecte o Norte para uma nova etapa da vida colectiva”, sentencia Carlos Lage.