As gaivotas do Porto são portadoras de bactérias Escherichia coli (E. coli) que apresentam multi-resistência a antibióticos. Quando, em Novembro de 2007, a equipa de Paulo Martins da Costa do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) começou a analisar os excrementos das gaivotas do Porto, estavam longe de pensar que chegariam à conclusão que tiveram.

“São resultados bastante alarmantes”, confessa o investigador. “Chegamos à conclusão que estamos a lançar para o meio-ambiente bactérias resistentes a antibióticos, cuja utilização, no futuro, pode ficar comprometida.”

Tudo isto porque os próprios humanos abusam dos fármacos, que são transmitidos, depois, às gaivotas pela urina e fezes (onde se encontra a bactéria E. coli) depositadas nos esgotos. As aves podem depois devolver as bactérias multi-resistentes aos homens, através de poeiras por exemplo, e causar doenças.

“As aves adaptaram-se ao que nós temos rejeitado”, alarma o investigador, o que, em último caso, pode significar que se deixa de “ter antibióticos para tratar as infecções”, já que, para além de ter sido encontrada uma grande diversidade de bactérias E. coli nas fezes das gaivotas – precisamente, aquelas que existem “em maior número no corpo humano” -, estas apresentaram resistência a 20 antibióticos testados.