Nunca foi militante do PS e nunca tinha feito trabalhos do género – “só ligados ao ensino, publicidade, moda e festas” -, mas depois de ter sido convidado cerca de um mês antes do anúncio oficial de Elisa Ferreira como candidata à autarquia portuense, Paulo Martins, de 28 anos, tornou-se o autor das fotografias que ilustram os outdoors de Elisa Ferreira, candidata pelo PS à Câmara Municipal do Porto (CMP).

“Há um ano comecei por fazer alguns trabalhos como freelancer com uma empresa, que me procurava ocasionalmente quando precisava de fotografias de grupos ou retratos”, recorda Paulo Martins ao JPN. “Gostaram do modo como traduzo a relação das pessoas com as situações.” Como consequência, veio o convite da campanha de Elisa Ferreira.

Nos cartazes de campanha, Elisa Ferreira surge sempre rodeada por outros portuenses, diluída nos mesmos, numa tentativa de corresponder as fotografias ao slogan da campanha: “Porto para todos”. “Retirar a figura política do credibilizante altar fotográfico e descê-la ao nível da população é uma inovação em termos de comunicação política em outdoors“, analisa Paulo Martins.

O fotógrafo, que trabalha também na UP Media e na TVU, ambas produtoras de conteúdos ligadas à Universidade do Porto, considera que, “em termos estéticos e conceptuais, a imagem reúne opiniões positivas e, em termos políticos, abre espaço para muita ironia e contestação popular”.

O resultado igualitário foi desde sempre o pretendido. “A abordagem que foi discutida antes das sessões fotográficas procurava naturalidade e improviso na relação entre a Elisa e as pessoas”, diz Paulo Martins ao JPN. Para isso era necessário “equilíbrio entre o destaque e a diluição” da candidata, sem “deixar de haver pistas claras para a atenção do olhar” de Elisa Ferreira. “Foi um improviso controlado”, resume o fotógrafo.