O regulamento que classifica a Paisagem Protegida do Litoral de Vila do Conde (PPLVC) como área protegida regional foi aprovado pela Assembleia Metropolitana do Porto e entrou em vigor no passado dia 13 de Outubro.

A área estende-se por 8,5 quilómetros, da foz do Rio Ave à do Rio Onda, e inclui a Reserva Ornitológica do Mindelo, a mais antiga zona protegida de Portugal, classificada em 1957. Este passo pode resgatar este local às teias do abandono, já que, apesar de ter um estatuto de protecção, nunca chegou a ser gerido enquanto espaço verde.

A contínua degradação e as ameaças ambientais que o litoral de Vila do Conde tem sofrido ao longo dos anos levaram diversas associações de conservação da natureza, como a Quercus ou a Associação Amigos do Mindelo para a Defesa do Ambiente, a exigir que se fizesse algo para preservar a zona.

A decisão de criar a PPLVC foi tomada no âmbito do plano da Área Metropolitana do Porto (AMP) para a criação de uma rede de parques naturais e áreas protegidas, e teve como base um relatório do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, com o qual a AMP assinou um protocolo de cooperação.

Com a reclassificação e a regulamentação da área, a AMP persegue os objectivos de conservar a natureza de forma sustentável, de criar novas áreas de recreio, de prosseguir na aposta no estudo da diversidade biológica e de promover a educação ambiental.

Finalmente, a gestão do espaço

Para Nuno Oliveira, administrador do Parque Biológico de Gaia, esta área tem uma importância estratégica porque foi salvaguardada, desde a classificação em 1957, da ocupação humana, evitando, assim, problemas como a erosão costeira, que tem afectado vários locais à beira-mar da área metropolitana.

Apesar do estatuto anterior ter prevenido a ocupação humana da área, o autor da obra “Áreas de importância natural da região do Porto – memória para o futuro” considera que a Reserva Ornitológica foi “abandonada nos últimos 40 anos” pelo Estado português, transformando-se numa “lixeira monumental”, e que esta reclassificação pode trazer o elemento que faltava – a gestão do espaço.