O projecto europeu, designado “Domestic Violence against Women/Men in Europe: Prevalence, determinants, effects and policies/practices” (ou DoVE), recebeu um milhão de euros da Agência Executiva para a Saúde e para os Consumidores, órgão da Comissão Europeia, para avaliar o “estado” da violência doméstica na Europa.

Envolvidos no projecto estão Portugal, Suécia, Alemanha, Reúno Unido, Bélgica, Espanha, Grécia e Hungria. O estudo será conduzido, em cada país, numa cidade seleccionada, sendo que a cidade portuguesa escolhida foi o Porto. A equipa da FMUP vai contactar pessoas aleatoriamente, entre os 18 e os 64 anos, para recolher informação para o estudo.

O projecto, que pretende entender quais os actos de abuso praticados na Europa, quem os pratica e contra quem os pratica, para além de avaliar os efeitos da violência conjugal nas vítimas, será levado a cabo em oito países da União Europeia e conta com equipas multidisciplinares, lideradas por uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

O director do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e líder do projecto, Henrique Barros, entende que os trabalhos científicos na área são escassos e que ainda há muito por explorar, tendo em conta que os trabalhos anteriores apenas se foca ou na vítima ou no abusador. Esta é a primeira vez, por exemplo, que se avaliam os efeitos da violência doméstica, tanto a nível físico, como mental, bem como se tenta descortinar razões para os abusos.

Portugal: um terço das mulheres é vítima de violência doméstica

No que diz respeito ao caso português, Henrique Barros, pensa que a violência doméstica “é um fenómeno muito frequente em Portugal, tal como acontece com os países do sul da Europa”. “Mas só este estudo nos dará mais dados”, salienta o líder do projecto DoVE.

Outro dos aspectos que será analisado prende-se com a legislação em vigor em cada um dos países, no que se refere à violência doméstica, bem como quais são as práticas correntes entre profissionais para lidar com este flagelo.

Os resultados são conhecidos daqui a dois anos, com a redacção de uma lista de recomendações às autoridades de cada um dos países, feita tendo como o objectivo de adequar as medidas de prevenção à realidade europeia.

Estima-se que, em Portugal, um terço das mulheres já tenha sido vítima de violência doméstica, seja a nível físico, sexual ou psicológico.