Para “não deixar passar a data em vão”, o Clube Literário do Porto (CLP) realizou, quinta-feira, 12 de Novembro, a iniciativa “Encontro com Timor”, uma forma de evocar o 18.º aniversário do Massacre de Santa Cruz, que, em 1991, vitimou mais de 200 timorenses.

O encontro, moderado pela actual programadora do CLP, a jornalista Isabel Damião, quis estimular a reflexão dentro da comunidade académica acerca do desenvolvimento de Timor-Leste.

Passado carregado

Para Sara Moreira, outrora professora na Universidade Nacional de Timor Leste e activista em assuntos de Timor, Portugal “criou um movimento de solidariedade muito forte com Timor-Leste”, principalmente “durante os anos 90 e culminando em 99”.

“Talvez como forma de tentar amenizar a impotência demonstrada em ’75 quando a Indonésia invade o território e por ali se deixa ficar, à força, e ao custo de mais de cem mil vidas, num país de um milhão”, explica.

Sara Moreira alerta diz ainda ser imperativo não esquecer o 12 de Novembro de 1991, que marca um ponto de viragem no destino do país. É importante, acima de tudo, “saber como é que os timorenses, passados 18 anos, vivem a sua independência que carrega um passado que deixou marcas”.

Balanço da iniciativa

Houve tempo ainda para a projecção do documentário “Same Same but diffferent / Hanesan Maibee Ketak- Ketak”, do espanhol David Palazón. O documentário, que conheceu a sua estreia no 10.º aniversário do referendo, no final de Agosto deste ano, no Núcleo de Jornalismo Académico do Porto, retrata o dia-a-dia do Prémio Nobel da Paz e Presidente da República Democrática de Timor Leste, Ramos Horta.

Seguiu-se o debate “Timor na 1ª pessoa”, em que Tomás, um timorense invisual descoberto por José Mário Branco em Timor, falou sobre a sua experiência aquando da chegada a Portugal, em 2005. As dificuldades encontradas por falar apenas tétum foram ultrapassadas com o apoio da Associação Tane Timor.

Esta não foi a primeira vez que o CLP trouxe Timor-Leste à cidade – projectos como As Bonecas de Ataúro e o lançamento da entidade sem fins lucrativos, Moving Cause, são exemplo disso. Ao CLP, juntou-se a organização sem fins lucrativos Tane Timor-Associação Amparar Timor, criada no Porto, em 1998, por jovens timorenses, cujo objectivo é a divulgação e defesa dos direitos humanos e preservação da cultura de Timor-Leste.