Foi em sala cheia que, sexta-feira, 4 de Dezembro, no Palacete Viscondes de Balsemão, o Movimento pelo Cineclube do Porto realizou a reunião magna, em que deu conta da dívida de 50 mil euros do Cineclube ao Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).

Manuel Joaquim Poças Pintão, do Movimento, entregou o primeiro salvo: um e-mail do ICA, em que estavam descriminados todos os subsídios atribuídos ao Cineclube do Porto e o estado destes. Segundo o documento, o Cineclube beneficiou de dois subsídios (€31.181 em 2002 e €2.178 em 2005), sendo que o primeiro destinava-se a obras de remodelação da Sala Aurélio da Paz dos Reis.

Os pedidos de subsequentes de subsídio foram recusados, já que o Cineclube não apresentou os comprovativos de gastos em obras. Por sua vez, o ICA intentou, então, um processo de execução fiscal. Com juros de mora, a dívida ascende hoje aos 50 mil euros.

A actual directora, Brígida Velhote, que, tal como anunciado, não faltou à sessão, justifica que as obras não se chegaram a realizar porque era necessária uma vistoria de salubridade, que foi solicitada à Câmara do Porto, mas só este ano foi realizada. A isto, juntou-se os conflitos constantes com os senhorios da sede.

Brígida Velhote garante que a dívida com o ICA irá ser negociada e que uma parte do subsídio continua depositada.

A segurança do espólio

Em sequência, a discussão passou então para o estado de conservação do espólio e se este estaria em risco de penhora por parte das Finanças. Placando as suspeitas, Brígida Velhote esclareceu que o acervo museológico se encontrava em boas condições e em segurança.

O interesse público do Cineclube foi então o mote para a censura generalizada da audiência do modo de trabalho da direcção vigente, acusando-a de tornar a associação inacessível. Reconhecendo as dificuldades, Brígida Velhote garantiu que, no futuro, a secretaria estará aberta todas as segundas-feiras e quartas-feiras, entre as 16h30 e as 19h30, e sábados, das 14h30 às 17h30. [editado às 17h00 de 10 de Dezembro de 2009]

Mais do que conclusiva, a reunião magna pareceu catártica. Ficou a promessa de mais abertura por parte da direcção do órgão e de uma convocação de eleições assim que se tiver encontrado uma situação “mais estável”.

À saída, Brígida Velhote confessou que esperava que esta sessão tivesse sido mais conclusiva, já que pensava que existiria “uma força mais física, algo já mais pensado e estruturado” por parte do Movimento.

Em resposta, Maria João Cocco Fonseca, do Movimento, garante que o grupo está “disposto a trabalhar e a dialogar com a direcção”, desde que seja cumprido aquilo que “foi prometido”, isto é, “dar todas as informações que as pessoas reclamaram”. Caso contrário, não existirá “qualquer possibilidade de diálogo”.