Depois de sucessivos contratempos, a reabilitação do Edifício Douro, antigo Convento de São Domingos, no largo com o mesmo nome, já terminou. Rebapizado de Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, o espaço, inaugurado hoje pela mão do Presidente da República, Cavaco Silva, pretende tornar-se um pólo cultural para jovens criadores portuenses e contribuir para a dinamização do Centro Histórico do Porto.
Presidente da República fala sobre minoria do PS
À margem da cerimónia, o Presidente da República aceitou falar, pela primeira vez, do orçamento rectificativo, que poderá ser chumbado em Assembleia da República e das recentes trocas de insultos entre deputados. Depois de, há dois dias, o vice-presidente da bancada socialista, Ricardo Rodrigues, ter pedido ao presidente da República para intervir preventivamente na Assembleia, Cavaco Silva recusa “dramatizações excessivas” e diz que não entra em “jogos que possam aumentar a tensão no país”. “Serei sempre o último a interferir nos debates parlamentares”, salienta. O presidente mostrou-se confiante no “bom senso” das forças políticas para ultrapassar a instabilidade governativa de um executivo em minoria na Assembleia. “É possível governar bem, se houver responsabilidade”,refere, acrescentando que “com diálogo aprofundado, [as forças políticas] encontrarão convergências”. “Este quadro político não é inédito. Também eu presidi a um governo minoritário”, relembrou.
O projecto da Fundação da Juventude pretende ser, como explica o presidente do Conselho de Administração, Carlos Abrunhosa de Brito, uma “ponte entre o mundo das artes e as empresas” e tem por objectivo “levar o nome de Portugal aos novos mundos da inovação”, numa “nova epopeia, com novos jovens conquistadores”. Até porque, salienta, “todos os anos saem para o mercado de trabalho cerca de 2750 novos jovens criadores em Portugal”, mil dos quais são “jovens criadores do Porto”.
Na cerimónia de abertura, Cavaco Silva visitou as instalações e esteve em contacto com jovens estilistas, músicos, designers, cientistas e investigadores, ficando, também a conhecer a exposição “Homens T”, exposta em Julho na Avenida dos Aliados.
“A Fábrica de Talentos justifica o seu nome”, declara o Presidente da República, Cavaco Silva, que acredita que o espaço, com as “múltiplas actividades” que possibilita, é “uma mais valia significativa” para a cidade do Porto. “É um bom exemplo, que deve ser reconhecido pelo país”, explica, acrescentando que a iniciativa “merece ser apoiada e acarinhada pelo seu contributo na formação dos jovens”.
Igual opinião tem o presidente da Câmara do Porto que, juntamente com a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, esteve presente na inauguração. Rui Rio concorda com a ligação estabelecida por Cavaco Silva entre o novo espaço e o incentivo à competitividade, mas acrescenta que a Fábrica de Talentos está, também, ligada “à reabilitação urbana ao nível da Baixa do Porto”. “O Porto só será mais competitivo se se reabilitar”, explica.
Por isso mesmo, para o presidente da Câmara este “é um dia importante para o Porto”, pois salienta, a inauguração deste projecto, juntamente com a reformulação do Mercado Ferreira Borges, é uma “alavanca decisiva para a reabilitação da Baixa do Porto”.
O “renascer” das Feiras Francas
As Feiras Francas, antiga tradição da cidade do Porto iniciada em 1451, realizaram-se no primeiro dia de cada mês durante 111 anos.
O Palácio das Artes – Fábrica de Talentos recupera essa tradição, que serve de montra para os jovens talentos portuenses. No dia 1 de cada mês, as portas do edifício abrem-se à população, para que esta contacte com o processo criativo e com a obra final. Desta forma, o Palácio das Artes – Fábrica de Talentos pretende criar redes de contacto entre os criadores e a indústria e dinamizar o Centro Histórico do Porto.
Rui Rio considera o reavivar desta tradição centenária como “muito importante” e, acrescenta, “insere-se perfeitamente” na política cultural da Câmara Municipal do Porto. “A animação das ruas é decisiva para a Baixa do Porto”, remata.
As Feiras Francas terão lugar no edifício do Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, projecto iniciado em 2007 e financiado pelo Programa Operacional da Cultura e pelo Banco Europeu de Investimento, tendo custado cerca de dois milhões e setecentos mil euros. O Palácio das Artes – Fábrica de Talentos pretende ser um espaço de apoio a disciplinas como, por exemplo, as artes performativas, o cinema ou a arquitectura.