Um ano depois das comemorações dos 60 anos, o Teatro Universitário do Porto (TUP) não encontra hoje grandes razões para festejar.

Graças às más condições da sede, os membros do grupo vêem-se, agora, votados a uma sala nas instalações do Parcauto. Alguns figurinos e acessórios acumulam-se a um canto, enquanto o ensaio lá tenta decorrer normalmente.

Há pouco mais de um ano, tornou-se impraticável realizar os ensaios no edifício da Travessa de Cedofeita que a reitoria da U. Porto cedeu ao TUP em 2003. “O tecto está a cair e chove lá dentro. É quase impraticável ensaiar naquele espaço”, sustenta Nuno Matos, vice-presidente do TUP.

Situação precária mantém-se há vários anos

Em entrevista ao JPN, o vice-reitor do Património Edificado da UP, António Cardoso, assume que o edifício “sempre foi muito débil”, apesar de ter “um espaço bastante interessante”. No entanto, a situação actual é complicada: a maior parte do espaço que a reitoria dispõe para actividades culturais ligadas à universidade, na Rua dos Bragas, está a ser temporariamente utilizada pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Quanto ao edifício da sede do TUP, que chegou a ser partilhado com a BRASUP, são necessárias obras de fundo bastante caras, que a reitoria não consegue suportar sem financiamentos exteriores à Universidade do Porto.

Problemas que nunca foram resolvidos

Já há vários anos que a sede do TUP se encontra em más condições. Segundo João Lemos, antigo presidente do grupo, as queixas à reitoria fazem-se pelo menos desde 2004. “O TUP conseguia fazer limpezas e obras relativamente pequenas, pelo menos na altura, mas não tínhamos poder financeiro para arcar com uma obra de fundo”, afirma.

Inês Gregório, membro do TUP e antiga presidente, conta que o organismo “chegou a substituir o soalho do salão principal por conta própria”, o que não resolveu as deficiências na estrutura. Aliás, o soalho encontra-se agora degradado, graças às constantes infiltrações.

A questão acentua-se no segundo andar: numa das salas de ensaios, parte do tecto ruiu, apodrecido devido à humidade. No quarto onde estão guardados os figurinos, todos os objectos foram cobertos com plásticos para proteger da chuva.

Necessidades de financiamento

A reitoria já efectuou visitas ao TUP para avaliar a situação. No entanto, tratando-se de obras de fundo, os custos da intervenção no edifício são demasiado elevados. Segundo o vice-reitor, é de ajudas exteriores que deve partir o financiamento das obras. “Se o TUP puder ajudar a obter financiamento, tanto melhor, porque também a universidade para fazer essa obra vai ter que procurar recorrer a financiamentos”, afirma António Cardoso.

A reitoria defende que o grupo deve tentar buscar mais apoios externos à universidade, de forma a também garantir a sua própria manutenção. “É preciso perceber se há condições para estabelecer um contrato com o TUP para os próximos 30 anos. E isso também passa pela sustentabilidade do próprio Teatro Universitário”, defende o vice-reitor, que, no entanto, garante que o Teatro Universitário terá sempre disponíveis pelo menos três salas no edifício do Parcauto, mesmo durante a ocupação das instalações pelo ICBAS.

Enquanto a sede continua inutilizável, aproximam-se as acções de formação que o TUP promove a cada dois anos. Com quase 80 inscritos, estima-se que cerca de 70% sejam estudantes universitários, uma percentagem superior à dos anos anteriores. O curso deve ser ministrado nas salas do Parcauto. Os inscritos serão divididos em vários grupos devido ao problema do espaço.