Quando vem ter connosco para a entrevista, Carol, tem a cara pintada como a de uma boneca. Ia a caminho da televisão para apresentar um dos seus números. É feliz no Circo Mundial, onde vive desde que nasceu. Com 15 anos, é acrobata e domadora de serpentes, tal como a sua mãe. Com apenas três anos já “andava de roda”. Misturava-se no meio dos irmãos, também artistas de circo, e exigia um número só seu.

O impulso dos pais, apesar de ter existido, não foi necessário. Carol sabia que queria estar no circo por muitos e muitos anos. A proximidade constante da família é um dos aspectos que faz questão de realçar. Diz não sofrer “as agonias de muitos jovens” com pais ausentes. “Estamos sempre muito perto da família, não nos ‘desgrudamos’ tanto.”

A escola

Como filha de Rui Mariani, profissional itinerante, anda sempre a saltar de cidade em cidade, o que poderia dificultar a sua educação. A artista faz parte da Escola Móvel, um projecto do Ministério da Educação que, através de aulas por vídeo-conferência, torna o ensino à distância possível.

Carol é um dos muitos casos em que a profissão dos pais, e mesmo a sua, não permite que frequente uma escola tradicional. “É uma escola por computadores, mas é como se fosse uma escola normal. Temos horários para cumprir. Se faltamos, temos que justificar a falta”, afirma Carol, que já frequenta o 10.º ano.

O facto de não frequentar uma escola fixa não a impede de manter amigos. Confessa que, quando era mais nova e estava sempre a mudar de escola, perdia o contacto. Actualmente, isso já não é problema. “Agora temos a Internet, o telemóvel, um monte de coisas que dá para ver os amigos. Só acho difícil por causa das saudades.”

Apesar de todas as dificuldades e particularidades da vida num circo, Carol não a trocava por nada deste mundo. Já se pôs do ‘outro lado’ e não conseguiu gostar.

“Eu já tive essa experiência de estar parada numa casa fixa e fazer aquela rotina toda de acordar cedo, tomar o pequeno-almoço, ir para a escola, almoçar, ir outra vez para a escola, voltar, fazer os trabalhos de casa e dormir… e, muito sinceramente, fiquei stressada.”
Confessa que, por vezes, o humor é complicado de manter, mas basta entrar na tenda principal para ser contagiada pela alegria circense.