A dez dias do início das celebrações do centenário da República, foi apresentado, na Câmara Municipal do Porto (CMP), o programa oficial da abertura das comemorações. Um projecto lançado pelo Governo em 2009 e que, segundo Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, teve um investimento na “ordem dos dez milhões de euros”.
“Não é apenas um programa que a comissão propõe ao país. É uma articulação com diversas entidades”, explica o ministro, para justificar os gastos num programa que apelida de “excelente”, pois é “capaz de conciliar ambição e contenção, erudição e festa popular, memória e futuro”. O programa tem, segundo o ministro, como principal propósito “reforçar a cidadania”,”aprofundando a memória comum” e é pensado para “agradar” a todos, pelo que há um forte “apelo à participação dos portugueses”.
O centenário na Internet
Durante o ano de 2010 e até Agosto de 2011, diversas iniciativas de celebração do centenário da I República portuguesa vão ter lugar um pouco por todo o país. Resultado de acordos realizados entre a CNCCR e organizações de áreas distintas e diversificadas, como é o caso da Universidade do Porto, do Museu Português da Imprensa ou da Fundação de Serralves. As actividades abrangem os mais variados campos, desde as artes, à academia, passando pela ciência e dando especial enfoque à participação das escolas. Será no Portal Centenário da República, na Internet, que todas convergirão, por forma a que, através das novas tecnologias, as diversas actividades possam ser promovidas e dinamizadas e os utilizadores possam partilhar ideias, comentários, vídeos e fotografias.
Rui Rio, presente na apresentação do programa, sublinhou a importância do 31 de Janeiro de 1891, data da primeira tentativa de instauração da República. Uma “data emblemática para a República e para o Porto”, considera, justificando a decisão de iniciar as comemorações no Norte. Aproveitando para, também ele, apelar à participação da população nas celebrações, Rui Rio não deixou de lembrar que “a República atravessa problemas graves” e que é importante que as comemorações da mesma tenham “um pouco mais do que carácter simbólico”. O presidente da CMP espera que as celebrações sejam aproveitadas para “reflectir seriamente e de forma produtiva sobre o que não está bem” na sociedade.
“Todos temos consciência de que muito não está bem”, refere, acrescentando que é preciso “olhar para a I República com um olhar crítico, com realismo”. “2010 pode ser muito útil para o país e para a República se fizermos isso”, finaliza.
Iniciativas para todos os gostos
As celebrações dos cem anos da República iniciam-se no Porto a 30 de Janeiro e terminam em Agosto de 2011, data em que se celebra a assinatura da Constituição. O primeiro “pólo” das comemorações intitula-se “O desafio da Resistência” e tem início no Porto, nos dias 30 e 31 de Janeiro.
No sábado, dia 30, às 15h30, o Teatro do Campo Alegre abre as portas à população que, de forma gratuita, poderá assistir À “Glorificação do Porto pelo Fervor Patriótico”. Uma hora depois, no Museu Nacional da Imprensa, inaugura-se a exposição “A República na Imprensa – do Porto a Lisboa”. Às 18h30 inicia-se na Praça da Batalha a encenação da revolta republicana de 31 de Janeiro, pelo Ateneu Comercial do Porto. Segue-se uma conferência, subordinada ao tema “Como Construir a República no Séc. XXI”, por Amadeu Carvalho Homem, às 21h30. No Coliseu do Porto, meia hora depois, sobe ao palco Rui Veloso que, com Pedro Abrunhosa, Rui Reininho e Sérgio Godinho como convidados, cantará a “Quatro Vozes” os “Cem anos da República”.
No dia seguinte, domingo, a Associação 31 de Janeiro ruma ao cemitério Prado do Repouso, pelas 10h00, dando-se o momento alto das actividades às 11h40, na Avenida dos Aliados, com a abertura oficial das comemorações do Centenário da República, que conta com a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Um concerto promenade terá lugar no Jardim da Cordoaria entre as 15h e as 16 horas, enquanto que, às 15h30, na ex-Cadeia da Relação, Cavaco Silva inaugura a exposição “Resistência. Da Alternativa Republicana à Luta contra a Ditadura”, que será aberta ao público a partir das 16h30. No Teatro Nacional de S. João, Eunice Muñoz apresenta, às 16h00, “O Ano do Pensamento Mágico”, de entrada livre. Finalmente, às 18h00, a Orquestra Nacional do Porto encerra as actividades, na Casa da Música, com o concerto do “Ano de 1910”.
Também os Clérigos terá lugar de destaque nas actividades, com uma recriação da escalada da Torre de 1917, desta feita pela Associação Portuguesa de Parkour. A Fundação de Serralves, que também se aliou às comemorações do centenário da República, terá entrada livre durante todo o fim de semana.