O Ateneu Comercial do Porto apresentou hoje, terça-feira, o projecto da reconstituição histórica da revolta dos republicanos na cidade a 31 de Janeiro de 1891. A encenação, organizada por Norberto Barroca, foi paga pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República e o Governo Civil e acontece a 30 de Janeiro, ao cair da noite.

A ideia surgiu pela mão do Ateneu Comercial do Porto, que, segundo o presidente, Jorge Quintas, esteve “sempre ligado ao ideal republicano”. “A revolta faz parte da memória histórica do Porto”, refere o presidente do Ateneu, acrescentando que “lembrar o 31 de Janeiro é lembrar a força do povo e como o povo interviu no estabelecimento da República em Portugal”.

Presente na sessão de apresentação do projecto esteve também a Governadora Civil, Isabel Santos, que, apesar de acreditar que “o Governo Civil cumpre a tradição de se associar às comemorações do 31 de Janeiro” como acontece todos os anos, este ano a participação tem “outra força”, por se celebrar o centenário de um “momento que diz tanto à história do Porto”.

“Se é verdade que a implantação da República só chegou ao Porto a 6 de Outubro de 1910, também é verdade que foi aqui que se gritou pela primeira vez ‘Viva a República!'”, explica a governadora.

Cidadãos participam da encenação

Com a colaboração do Governo Civil pretende-se que a reconstituição “não seja apenas um mero acto evocativo, mas antes um apelo à participação de todos os cidadãos”. Cidadãos esses que vão poder intervir na reconstituição, como explica Norberto Barroca, “como se fizessem parte da encenação”.

Aliás, o encenador conta com a adesão da cidade para dar dimensão à encenação, tendo em conta que os sessenta “actores” (onde figurarão, por exemplo, alguns militares da GNR a cavalo) não chegam, por si só, para encher a Praça, como aconteceu em 1891. “Fazer esta evocação requeria meios de que não dispomos” pelo que a organização apela, não só à participação da população, como ao “uso da imaginação” para reviver a revolta de 31 de Janeiro, que sofrerá, na reconstituição, algumas alterações por razões logísticas.

Sem o edifício da antiga Câmara Municipal, que já não existe, a varanda do edifício do Banco de Portugal servirá de palco à nova “proclamação” da República, com o actor António Reis a fazer o papel de Alves da Veiga. De seguida, os militares que não aderiram ao movimento e que terminaram com o sonho da República descem a rua 31 de Janeiro e a batalha acontece na Praça da Liberdade.

A encenação começa por volta das 18h30, quando o sol desaparecer e durará cerca de trinta, quarenta minutos.