“Vamos assistir a um extraordinário discurso sobre Arquitectura, talvez o mais extraordinário que alguma vez tenha visto.” Foi com este mote que Alexandre Alves Costa iniciou, esta terça-feira, no auditório Passos Manuel, a apresentação do discurso de 1990 de Fernando Távora.

Programa:

9 Fevereiro: David Chipperfield
apresentação por Jorge Carvalho

23 Fevereiro: Álvaro Siza
apresentação por Jorge Figueira

2 Março: Kenneth Frampton
apresentação por Paulo Martins Barata

9 Março:Jacques Herzog
apresentação por João Pedro Serôdio

16 Março:Peter Zumthor
apresentação por Paulo Providência

23 Março:James Stirling
apresentação por Sergio Fernandez

30 Março: Bernardo Secchi
apresentação por Nuno Portas

6 Abril: Giorgio Grassi
apresentação por Francisco Barata

20 Abril:Rafael Moneo
apresentação por Gonçalo Byrne
Debate: Nuno Grande, Luís Tavares Pereira, Luís Santiago Baptista

Na altura, o arquitecto, falecido em 2005, deu uma conferência no âmbito dos “Discursos sobre a Arquitectura”, um evento que reuniu arquitectos de todo o mundo na Escola Superior das Belas Artes do Porto, precursora da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). Até 20 de Abril, a instituição, em parceria com a Secção Norte da Ordem dos Arquitectos, vai repor os vídeos das comunicações com o ciclo “Discursos Re-visitados”.

Rafael Moneo, Jacques Herzog, Peter Zumthor ou o portuense Álvaro Siza (todos eles distinguidos com o Prémio Pritzker, o “Nobel” da Arquitectura) são alguns dos nomes que vão passar pelo Passos Manuel [ver caixa].

Ontem, o auditório esteve repleto para escutar o “inesquecível e insubstituível” Távora, nas palavras de Alves Costa. O histórico arquitecto falou das suas obras, como a requalificação do Museu Nacional Soares dos Reis e da Praça de Santiago, em Guimarães, e o projecto de construção do mercado de Santa Maria da Feira. “A arquitectura portuguesa, [sou] eu e o Siza” resume Távora na sua comunicação, evocando o arquitecto também pertencente à conhecida Escola do Porto, iniciada por Carlos Ramos.

O anterior ciclo “Discursos sobre a Arquitectura”

Os conferencistas – e arquitectos – Eduardo Souto Moura, Alves Costa, Carlos Machado, Manuel Mendes e Jorge Figueira (na altura professores), aproveitaram para explicar ao público a importância do evento de 1990 que, dizem, tentou promover a Arquitectura, testando e explicando a sua credibilidade.

Procurou-se ainda demonstrar a relação de abertura da Arquitectura nacional com a internacional daquela década, convidando uma emergente geração de arquitectos portugueses e estrangeiros, com Álvaro Siza, Fernando Távora, Peter Zumthor, Jacques Herzog ou David Chipperfield, “abrindo” assim os horizontes da Escola do Porto.

Desejava-se, ainda, encontrar uma identidade para a arquitectura portuguesa paralelamente à arquitectura internacional. “Não havia de facto pedagogia teórica, havia era reuniões afectivas com o Távora à volta de um estirador”, diz Souto Moura.

“Discursos Re-visitados” pretende, por um lado, celebrar o ciclo de conferências de 1990 e, por outro, questionar o que a passagem do tempo fez ao que se ouviu e foi mostrado.