O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto trata cerca de 4500 doentes oncológicos por ano, 1500 dos quais são mulheres com cancro da mama. Estes números tornam esta unidade de tratamento numa das instituições que mais doentes com cancro trata no país.

O cancro da mama é uma das doenças mais mortíferas em Portugal, contabilizando doze novos casos por dia e 1500 mortes por ano. Uma das instituições que combate uma das tipologias do cancro, o cancro da mama, é a Clínica da Mama, no IPO do Porto.

O serviço abriu portas a 23 de Outubro de 2007. Novas tecnologias, optimização do espaço, revolução na estética hospitalar e elevados padrões de diagnóstico e tratamento da doença são as bandeiras desta clínica, que não cruza braços no diagnóstico e cura desta patologia.

Esta clínica é uma unidade multidisciplinar, que trata o cancro desde o diagnóstico até ao tratamento avançado da doença. As especialidades deste centro incluem: Oncologia Cirúrgica, Oncologia Médica, Radioterapia, Imagiologia, Anatomia Patológica, Cirurgia plástica, Psico-oncologia, Reabilitação, Genética, Neurocirurgia, Ortopedia e Paliativos.

Todos estes serviços e especialidades estão voltados para a doente e centrados na sua recuperação, através de ligações personalizadas entre o corpo clínico e a paciente. Trata-se da crescente humanização dos serviços hospitalares, que é fulcral no tratamento patológico. Por estes motivos, a Clínica da Mama funciona numa estrutura própria e com ambiente de profunda personalização com a doente.

Concentração de recursos no tratamento favorece os doentes

Estudos revelam que a concentração de recursos e o agrupamento funcional da unidade são benéficos no sucesso do tratamento do cancro da mama. Esta concentração favorece a continuidade de cuidados primários e secundários, bem como a regularidade do prestador de cuidados. Esta pluralidade de complementaridade de cuidados torna este serviço uma referência nacional, já que permite uma maior rapidez de acção desde a primeira consulta até ao início do tratamento, o que significa uma diminuição no tempo de espera.

Quem entra nesta unidade de cuidados sente a diferença no espaço hospitalar. Pela escolha das cores das paredes, o mobiliário usado, o uso de peças de arte na decoração, a separação entre circulação de macas e consultas e a diferenciação entre salas de espera de doentes precoces e doentes avançados. Elisabete Valério, enfermeira e coordenadora da clínica, realça a vantagem desta unidade de tratamento ser pensada para a mulher, afirmando que o cuidado estético no espaço contribui para o bem estar da paciente com cancro.

Acompanhamento personalizado

Um testemunho desta realidade é o de Marina Pires, uma jovem de 27 anos que tem cancro da mama desde o início de 2009. Marina atesta a importância desta clínica e salienta a forma como luta e lida com o cancro. A vida desta jovem mudou, os tratamentos forçaram a uma mudança radical na sua vida, mas em declarações ao JPN, atesta a importante interacção com o seu médico e a ajuda crucial que a clínica da mama teve no seu processo.

Marina terminou o tratamento de radioterapia, e aguarda os resultados da progressão da sua doença. Mostra-se confiante e ressalva os planos que quer ver cumpridos no seu futuro. Sobre a clínica da mama, Marina diz que nunca sentiu desânimo, porque quem a acompanha incute-lhe força e determinação, como se fosse a sua própria família.

Apesar de todos os avanços na terapia e respectivo diagnóstico, a prevenção é uma arma fulcral no tratamento deste cancro. Contudo, a coordenadora da clínica, Elisabete Valério, aponta o tabaco como um dos factores de risco elevado para contrair esta doença. Mas importa referir que sendo o cancro detectado a tempo, há 90% de possibilidades de haver sucesso na cura da mulher. Como tal, o rastreio continua a ser a arma mais eficaz na luta contra um dos cancros com mais mortalidade no nosso país.