Filha da actriz Maria do Céu Guerra, Rita Lello vive em Lisboa, é mãe e entrou no mundo da representação aos 22 anos, já licenciada em Tradução. A licenciatura “tem tudo a ver” com a carreira de actriz, refere Rita Lello, porque “o actor faz exactamente a mesma coisa: pega num texto de um dramaturgo, olha para ele, lê-o, interpreta-o e traduz através do seu corpo para uma linguagem que vai ser entendida pela plateia”.
Quanto ao facto de ser filha de uma actriz já com longos anos de carreira, confessa ter fugido um pouco “da questão familiar” no que toca a enveredar pelo universo do espectáculo porque, no teatro, “as coisas ainda são encaradas um bocadinho com preconceito”.
“As pessoas acham que representar é chegar a um palco e falar, sentarem-se e levantarem-se, mas não”, explica. “Cada gesto, cada momento é estudado durante dias, horas”, refere a actriz que acredita que o actor tem uma “rotina certa” mas que difere das outras profissões pelo “sobressalto da diferença”. É um trabalho “exigente”, que não permite “uma vida familiar normal”, e uma área profissional “violenta”. “No outro dia fiz um ensaio com 39 graus de febre”, confessa.
Depois de uma passagem pelo Porto, onde participou na peça “Otelo”, Rita Lello acredita que existe bastante oferta cultural na cidade, mas não é distribuída de forma correcta. “É pena os espectáculos não serem mais distribuídos temporalmente para haver uma oferta mais equilibrada”, declara, justificando o sucedido com o financiamento às companhias, por parte Ministério.
Mesmo assim, a actriz entende que “há mais oportunidades de trabalho no Porto do que em Lisboa”, para jovens actores em início de carreira.