Na comemoração de 185 anos de existência, data assinalada esta quarta-feira, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), encheu-se de alunos e docentes que receberam o candidato à Presidência da República e presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre.

A inaugurar a cerimónia esteve o director da FMUP, Agostinho Marques, que realçou a importância da presença do médico nas instalações da Faculdade. Para o responsável, o convite feito a Fernando Nobre é “um sinal para a comunidade estudantil”, devido à preocupação que um médico tem de ter com a vertente humanística. “Estamos mais preocupados com a componente humanística, do que com a componente técnica [de um médico]”, assinalou.

O director aproveitou a ocasião para relembrar à comunidade as eleições para o Conselho de Representantes e Conselhos Científico e Pedagógico que se realizam esta sexta-feira, apelando ao voto em massa na instituição. “Não estou nada preocupado com o desfecho das eleições. Quero apenas que sejam eleições com os votos de todos”, ressalva o responsável cujo mandato termina este ano lectivo.

“Quem se preocupa com o homem, faz política”

Após a actuação da Tuna Feminina da Faculdade de Medicina, seguiu-se a participação de Fernando Nobre, que comparou a Medicina em Portugal com a Medicina no mundo e contou algumas experiências que teve em países como o Congo e o Senegal. “O nosso país não pode estar a leste do que está acontecer na humanidade”, salientou. O presidente da AMI dirigiu-se em especial aos estudantes de Medicina presentes na Aula Magna da Faculdade, alertando-os para os problemas de saúde enfrentados um pouco por todo o mundo e para a necessidade de um médico ter uma componente humanística.

Usando o próprio caso como exemplo e lembrando os motivos da sua candidatura à Presidência da República, Fernando Nobre referiu que “quem se preocupa com o homem faz política”. ” Não faço política partidária, não o farei nunca”, realçou, dando destaque às questões humanitárias nas quais trabalha.

O médico destacou, ainda, que ambiciona ver a sua classe profissional “na primeira fila” da luta pelo direito à vida, ajudando, também, nas grandes catástrofes e guerras. “O mundo é desafiador. É nos momentos dos grandes desafios que os médicos têm de se erguer”, concluiu.

Estudantes contra aumento de vagas em Medicina

Já o presidente da Associação de Estudantes da FMUP, Pedro Couto, fez duras críticas ao modelo curricular modificado com o processo de Bolonha e aos métodos de ensino. O estudante deu como exemplo desse facto o “abandono” dos estudantes nos serviços hospitalares, sozinhos com os doentes “nos momentos em que devem estar acompanhados por um docente”.

O representante dos estudantes salientou, ainda, o “desperdício de recursos humanos em médicos que não são precisos”, fazendo referência ao aumento de vagas, que este ano subiu para 285, e cursos de Medicina leccionados em Portugal.

“A FMUP tem a obrigação de fazer ver à tutela que essas medidas estão erradas e de impedir que aumente o número de alunos que ingressa no curso de Medicina”, rematou o estudante.