Tanto o Conservatório como a Soares dos Reis mudaram de instalações no ano passado.Tendo deixado o Palacete Pinto Leite, ao lado da Maternidade, o Conservatório ocupa agora a ala direita da Escola Secundária Rodrigues de Freitas. Na opinião de João Luís, aluno do Conservatório há doze anos, “a mudança de instalações foi boa” porque “há mais salas para estudar”, apesar de “não serem ainda suficientes”. No entanto, defende que se “perdeu muita coisa” com a alteração no acesso a esse estabelecimento de ensino.

Actualmente, o Conservatório oferece ensino de música integrado e ensino supletivo (apenas disponível para os alunos abrangidos pelo ensino obrigatório). “Há muita gente, como eu, que quer estudar música como complemento dos estudos que tem lá fora e agora isso, numa escola pública, não é possível” explica João Luís, que encara esta mudança introduzida pelo novo estatuto do Conservatório como um ponto negativo.

Esta opinião é partilhada por Ana Isabel Oliveira, que acha que a mudança “facilita o acesso a muitas crianças”, dando “oportunidades a todos”, desde que “não vá fechar portas a quem procura tardiamente” este tipo de ensino.

Início de ano lectivo conturbado

Também na Escola Artística de Soares dos Reis o período de transição foi conturbado. Neste caso, o novo edifício foi parcialmente adaptado da antiga escola Oliveira Martins, embora tenha pavilhões feitos de raíz pelo arquitecto Carlos Prata. Inês Franco acompanhou a mudança de instalações. “O 11.º ano foi terrível”, queixa-se. “A escola ainda não estava preparada para ser habitada. Nós não tínhamos nem material disponível”. Passada a fase inicial de maior agitação, a estudante tem reservas em relação ao novo ano lectivo. “Vamos ver. Está encaminhado, apesar de nós não gostarmos do sítio onde estamos”, refere.

Também na ESMAE o início do ano não foi pacífico. A escola correu mesmo o risco de não poder abrir por falta de orçamento. Depois de reuniões e manisfestações, que juntaram um número considerável de alunos, a situação ficou resolvida, embora temporariamente, segundo a opinião de alguns estudantes da instituição. Manuel Turafirma que a Escola não o “preencheu o suficiente”.

Já João Carlos está satisfeito com a preparação que teve em Espinho, considerando que o facto de andar numa escola de ensino integrado tem pontos positivos e negativos. “Passas a inserir-te no mundo da música e a conviver todos os dias com pessoas relacionadas com a música”, afirma. No entanto, indica que se perde “um bocado a noção da realidade”. “Mas do ponto de vista musical é muito melhor”, entende. Afirma com certezas que “nunca viria” estudar para o Conservatório, por considerar o ensino do mesmo “completamente antiquado”. “Era preciso alguém novo lá a dar aulas”, salienta.

O outro João, o Luís, concorda que a renovação dos professores é muito importante porque “há muita gente jovem a sair também com muita qualidade” mas, contrariando João Carlos, acha que a formação que recebe no Conservatório é “cada vez melhor”, graças aos novos professores que vão entrando. É da opinião que o “ensino artístico em Portugal não está mal porque temos muitos bons músicos a dar aulas cá”.