Manuel Tur, Inês Franco, João Luís, Ana Isabel Oliveira e João Carlos Pacheco partilham o gosto pelas artes e o interesse pela cultura. Todos ligados ao ensino artístico na cidade do Porto, têm em comum uma visão crítica do “sistema” cultural portuense. O JPN esteve à conversa com os cinco futuros artistas portugueses, numa altura em o ensino artístico no Porto está a mudar e as instituições a adaptarem-se a uma nova realidade.

Entre os temas a debate, a oferta de ensino artístico foi um dos que mais divergências suscitou: alguns dos artistas acreditam que existem oportunidades suficientes para estudar arte, outros entendem que os cursos que há deixam muito a desejar.

No entanto, a opinião é unânime no que diz respeito à falta de educação para as artes, que impera em Portugal. Para além disso, todos acreditam que, no caso dos cursos artísticos, existe uma generalizada falta de interdisciplinidade.

Cinco artistas, cinco percursos

Recém formado em Teatro, Manuel Tur tem 25 anos e frequentou a Academia Contemporânea de Espectáculo (ACE), fazendo lá a equivalência ao ensino secundário. Sabia que, para se sentir realizado, apenas poderia enveredar pelo Teatro, tendo entrado para a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), no Porto. Criou, juntamente com outros colegas, a companhia “A Turma”, que veio juntar-se a outra que já tinha, a “Estufa“.

Já Inês Franco, com apenas 17 anos, não tem dúvidas acerca do que quer: cantar jazz e viajar. O seu objectivo é sair de Portugal quando terminar a licenciatura. Por enquanto, está a acabar o 3.º ano do Curso de Audiovisual, na vertente de Fotografia (equivalente ao 12.º ano), na Escola Artística de Soares dos Reis. Anda no Conservatório de Música do Porto há 3 anos, onde estuda canto. Para além disso, está a fazer um curso livre de canto Jazz na ESMAE e tem, ainda, aulas de piano jazz e de canto.

João Luís também anda no Conservatório, há já 12 anos. Está no último grau
(o oitavo) de Percussão e conhece os “cantos à casa”. Apesar de, na altura de escolher um futuro, a música ter sido um peso forte na balança, acabou por optar pela sua primeira opção de sempre: a arquitectura. Está no 2.º ano de Arquitectura, na Universidade Lusí­ada e mantém projectos musicais fora do Conservatório, como a Orquestra de Jovens de Portugal “Momentum Perpetuum”, bandas filarmánicas e grupos de jazz.

Ana Isabel Oliveira tem 25 anos e está a estudar violoncelo, no 2.º ano, na ESMAE. É de Grijó e começou a estudar música aos 12 anos, tendo interrompido aos 16. Depois de terminar o secundário, decidiu entrar na ACE, onde esteve um ano e meio a experimentar o teatro. Findo este perí­odo, decidiu voltar para a música e entrou para o Conservatório. O gosto pela música cresceu com Ana, que já tinha familiares no meio. Actualmente, dá aulas e faz parte da orquestra “Momentum Perpetuum”, de João Luís.

João Carlos Pacheco, que começou a tocar bateria aos onze anos com um músico amigo, entrou para a Escola Profissional de Música de Espinho aos 15, com o sonho de ser baterista de bandas rock. Hoje tem 21 anos e mora no Porto, vivendo da música desde os 17 anos. A concluir o último ano da ESMAE, colabora com várias orquestras (como a Orquestra Nacional do Porto, a Orquestra de Câmara Portuguesa ou a Orquestra Gulbenkian), tem uma banda de rock, outra de folk, dá aulas em duas academias e compõe.