Hugo Chávez desmentiu na noite de segunda-feira, em Montevidéu, Uruguai, qualquer ligação do seu governo às organizações terroristas. “Nós não apoiamos as FARC, nem a ETA, nem as guerrilhas, nem o terrorismo”, defendeu o presidente venezuelano, citado pela agência Reuters.

Ao que tudo indica, segundo uma investigação levada a cabo pelo jurista Eloy Velasco, cujo resultado incrimina seis membros da organização separatista basca e sete elementos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), houve “cooperação governamental ilícita” por parte de antigos elementos do actual executivo venezuelano com as organizações criminosas.

O magistrado admite que as FARC terão pedido ajuda à ETA para levar a cabo atentados contra individualidades colombianas que estivessem presentes em território espanhol, como por exemplo o presidente colombiano Álvaro Uribe e o seu antecessor Andrés Pastrana.

Última captura: o terceiro detido em Caen é afinal José Ayestarán

Ontemo JPN noticiou, tal como teria dito a Guarda Civil espanhola de acordo com a edição online do “El País”, que o terceiro detido em Caen seria Gregorio Jiménez, embora tivesse frisado que não haveria certezas relativamente à sua identidade. As autoridades espanholas identificam, agora, a última detenção como sendo a de José Lorenzo Ayestarán Legorburu, de 52 anos. Segundo fontes do ministério do Interior espanhol consultadas pelo jornal espanhol “El Mundo”, trata-se de um dos membros mais violentos da organização terrorista basca, tendo participado em diversos homicídios, num sequestro e numa dezena de atentados.

A reacção do governo espanhol e do executivo de Chávez

O primeiro-ministro espanhol, José Luís Rodríguez Zapatero, que se encontrava segunda-feira em Hannover, na Alemanha, disse em conferência de imprensa que já teriam sido pedidos esclarecimentos por parte do ministro espanhol dos Assuntos Exteriores ao governo venezuelano. “Estamos à espera de explicações por parte da Venezuela e só em função dessa explicação é que o governo de Espanha irá actuar”, disse Zapatero, segundo a Reuters.

O “El País” afirma que a administração de Chávez também emitiu segunda-feira, ao final do dia, um comunicado a partir da sua embaixada em Madrid, mas redigido na Venezuela, onde condena a acusação e a designa de “infame”, “infundamentada”, “tendenciosa” e “inaceitável”, concluindo que o juíz Eloy Velasco se refere “reiteradamente e de maneira irrespeitosa” ao presidente Hugo Chávez.

O auto expedido no passado dia 24 de Fevereiro acusa o presumível etarra Arturo Cubillas Fontán, de 46 anos, que ocupou o cargo de director de um dos departamentos administrativos do Ministério de Agricultura da Venezuela, de coordenar acções da ETA e das FARC em território sul-americano. No processo dirigido por Velasco, pode ler-se que o espanhol Cubillas era um dos responsáveis máximos da ETA na América Latina. Em 2002, foi formalmente detido e acusado de três assassinatos, tendo sido colocado em liberdade por não figurar na lista de etarras do Tribunal Nacional de Espanha. Cubillas é casado com Goizeder Odriozola, a actual directora do Gabinete da Presidência venezuelana.

Álvaro Uribe, visado no processo como um dos alvos a abater pelas FARC, afirmou segunda-feira, na rádio colombiana “RCN”, que vai actuar com “prudência”, admitindo recorrer a “canais diplomáticos” para obter a verdade dos factos. Por outro lado, Pastrana quer também ouvir a explicação do líder venezuelano. “Peço ao presidente Chávez que dê uma resposta clara ao pedido do chefe do governo espanhol”, disse o ex-presidente colombiano, na passada segunda-feira, à Rádio Nacional Espanhola.