No domingo, estavam convocados 18,9 milhões de eleitores no Iraque para exercer o seu direito de voto e eleger um novo Parlamento durante mais quatro anos, quando Bagdade, e várias outras localidades iraquianas, foram atingidas por uma onda de ataques perpetrados por militantes islamitas sunitas.

Corrida às urnas para evitar um resultado igual às eleições de 2005

Nas eleições legislativas de 2005, as primeiras depois da incursão militar das tropas aliadas em 2003, um grupo alargado de militantes sunitas islamitas levou a cabo diversos ataques visando o boicote às urnas. Na altura, a abstenção beneficiou os partidos religiosos. Segundo fontes consultadas pelo jornal “El País”, acredita-se que agora o número de votantes seja maior, para que desta vez não voltem a ser os partidos religiosos a tomar conta do Parlamento.

A jornada eleitoral, na qual se elegiam 325 deputados de 86 facções partidárias, ficou marcada pela morte de 38 pessoas e mais de 100 feridos. Os ataques bombistas aconteceram às primeiras horas da manhã, em zonas próximas das assembleias de voto, principalmente na capital, Bagdade, e na província de Diyala. Estas são as segundas eleições no Iraque depois da captura de Saddam Hussein, em 2003.

Segundo a agência Reuters, a divulgação do resultado das votações pode demorar até três dias, neste que é um acto eleitoral visto com particular importância pelas grandes petrolíferas mundiais.

“Dia de vitória contra os assassinos”

O primeiro-ministro, Nuri al Maliki, que deverá manter o cargo, classificou o domingo como um “dia de vitória contra os assassinos que não querem a democracia”, já que, apesar das ameaças da Al Qaeda, a população não deixou de ir em massa às mesas de vota. A organização terrorista prometera, dias antes, uma onda repressiva contra aqueles que decidissem votar.

A Comissão Eleitoral Independente do Iraque avançava, domingo à noite, que, apesar da onda de violência, apenas duas das 50 mil mesas de votos fecharam por breves momentos, sendo que 50% da população foi a votos.

Também o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, felicitou, num comunicado de imprensa, a população iraquiana pela “coragem” na corrida às urnas e por escolherem o “processo político para alcançar segurança e prosperidade”. “Tenho um grande respeito pelos milhões de iraquianos que recusaram deter-se perante os actos de violência e expressaram o seu direito ao voto”, concluiu.

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Catherine Ashton, emitiu uma nota de imprensa [em PDF], em que congratulou a população iraquiana pelo “desafio aos violentos ataques durante a campanha eleitoral e no dia das eleições”, o que “reafirma o compromisso da população iraquiana na construção de um Iraque democrático”.