A manifestação estava marcada para as 19h30 e começou à hora combinada. Quinhentas pessoas, homens e mulheres, desfilaram ontem, segunda-feira, pela Rua de Atocha, centro de Madrid, reclamando uma maior igualdade de direitos na data em que se comemorava o Dia Internacional da Mulher.

Os temas centrais da parada foram a liberalização do aborto, a igualdade laboral e a luta contra a discriminação sexual. A manifestação, convocada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e pela Confederação Sindical de Comissões Obreiras (CCOO), batalhava assim contra os actuais despedimentos colectivos no âmbito da crise económica mundial, nos quais as mulheres são as mais prejudicadas.

Homens participam na manifestação feminista:

Tal como as mulheres, muitos homens participaram no desfile reivindicativo, reclamando, tal como elas, a igualdade de direitos e o fim da discriminação sexual. “Nós, homens, temos que eliminar a violência de género, temos que construir a solução. É preciso denunciar e acabar com o machismo, porque também é uma forma de violência”, afirmou um dos manifestantes ao JPN.

Luísa, da Organização Feminista de Madrid, seguia na frente da manifestação. Em declarações ao JPN, afirmou que o Dia Internacional da Mulher é uma data que deve ser comemorada para reivindicar e festejar os direitos do sexo feminino.

“Nós parimos, nós decidimos”, “Terrorismo familiar, não!”

O tema do aborto marcou todo o desfile. Centenas de homens e mulheres empunhavam cartazes e gritavam, ordenando rapidamente o fim da despenalização total do aborto que, em Espanha, ainda não foi conseguida.

Apesar da interrupção da gravidez ser permitida até às 14 semanas, sem necessidade de uma causa específica, ou até às 22, caso seja perigoso para a mãe ou se o feto tiver más formações congénitas, o Código Penal espanhol prevê punições que podem ir até aos três anos de prisão para as mulheres que infrinjam a lei.

Outras organizações e bastantes pessoas juntaram-se à manifestação e desceram as ruas da capital espanhola ao som de tambores, trombones e megafones, recordando que, apesar dos avanços jurídicos e sociais, a discriminação de género persiste em diversos campos da esfera pública e privada.

Mais direitos trabalhistas para as mulheres

Monsé, de 31 anos, lutava ontem, segunda-feira, nas ruas de Madrid principalmente pela igualdade no sector do trabalho. A manifestante assegura que o Estado cobra 30% dos salários às mulheres, enquanto que apenas 3% da riqueza mundial é gerida pelo sexo feminino.

Monsé admite que muita gente pensa que Espanha está à frente no que respeita às leis do aborto, do trabalho e do casamento homossexual, mas a manifestante considera que o país “não avançou assim tanto” nos últimos anos, a relembrando a necessidade de prosseguir na luta pela igualdade.

As comemorações públicas do Dia Internacional da Mulher em Madrid culminaram na Estação de Comboios de Atocha, por volta das 22h00. Segundo um estudo [em PDF], emitido pelo Fundo Económico Mundial (FEM), Espanha é um dos países com mais pessoas do sexo feminino a ocuparem todos os sectores empresariais, incluindo cargos de topo em multinacionais.