O início normalmente é no título, e é também no início que começam as dúvidas…o trocadilho era óbvio entre o nome do jogador e a sua qualidade mas gostava que esta crónica fosse mais do que um escorrer de elogios a um só jogador e ao quanto ele muda uma equipa e um campeonato; portanto tive de optar pela forma gramaticalmente e ortograficamente correcta do nosso bom português embora a vontade, neste momento, seja mais de falar em castelhano.

Lucho González é mais do que um cérebro com pernas em campo. É um visionário. É um intérprete e um leitor. Não precisa de dar mais do que dois toques na bola para revolucionar toda a forma de jogar de qualquer equipa. É dos tais que, seja no Porto, no Marselha ou em qualquer outra parte do Mundo, faz a diferença. Que, muitas vezes, longe da genialidade, tem uma coisa que os habituais dotados não têm: consistência. Lucho não sabe jogar mal, nem sequer mais ou menos. Com Lucho tudo fica fácil. Com Lucho tudo é facil.

E isso dá pena.

Dá-me pena ser português e estar condenado a um campeonato sem Lucho, sem Simão, sem Cristiano Ronaldo. Dá-me pena que as equipas portuguesas não possam construir uma equipa e manter as suas estrelas durante anos a fio. E vencer na Europa.

Dá-me pena ver o Benfica, o Porto e o Sporting a vender ano após ano as suas estrelas, pois as condições financeiras dos clubes portugueses não permitem que as estrelas venham, estacionem por cá e vençam. Os valores absurdos que comandam os destinos do futebol fazem com que a realidade do nosso campeonato não saia do mesmo…e isso dá pena.

E enquanto vamos ficando com pena e vemos as nossas equipas a fazer esforços sobre-humanos (e materiais) para conseguir ombrear com franceses, espanhóis, italianos e ingleses por essa Europa do futebol, espreitamos as suas respectivas ligas e dizemos: Que luxo!