Foi um Jorge Sampaio emocionado que, esta sexta-feira, subiu ao púlpito da Fundação Cupertino de Miranda para agradecer a nomeação de personalidade do ano de 2009 pela Fundação Portuguesa do Pulmão.

O ex-presidente da República discursou cerca de meia hora acerca do panorama nacional e internacional da saúde pulmonar. Sampaio começou por defender a posição portuguesa nesta questão, afirmando que, nesta matéria, Portugal não está entre os piores países. “Não somos os piores. Nós estamos relativamente bem classificados apesar da crise. Eu continuo a ter um grande ânimo em relação a isso.”

Neste contexto, declarou mesmo que este é um problema muitas vezes esquecido, até pelos países desenvolvidos. “Alguns dirigentes políticos em países desenvolvidos não faziam a menor ideia do que é a tuberculose. Alguns dirigentes europeus, em países de relevância, não faziam a menor ideia que nos países que agora compõem a comunidade de Estados independentes da ex-União Soviética há tuberculose e a sério.”

Sampaio alertou para o claro problema em que vive o mundo. “Neste momento no mundo faltam quatro milhões de trabalhadores de saúde, entre médicos e técnicos”. Para o socialista, “este é um dos mais gigantescos paradoxos que os contribuintes não conhecem bem”.

Será então necessária, aponta Sampaio, “uma sociedade civil muito forte”, sendo que esta, em Portugal, é ainda “relativamente fraca”. E para o antigo chefe de Estado português “esse é um défice tão importante como o défice das contas públicas”. Nesse sentido, Jorge Sampaio fica contente “que haja uma entidade de gente tão ilustre na sociedade civil portuguesa capaz de poder mobilizar as pessoas para a grande evolução que estão a ter algumas destas doenças”.

Esta cerimónia também homenageou pessoas como Francisco George, Maria de Belém Roseira, Ramiro Ávila, Patrícia Nascimento e A. J. Robalo Cordeiro, este último a título póstumo.