É urgente “incentivar a vinda de pessoas para o centro histórico”, de forma abrangente, atendendo a “todo o tipo de procura”, e não olhando apenas para as famílias de classe alta.

O apelo do arquitecto Nuno Grande foi um dos muitos pedidos escutados, esta terça-feira, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, no âmbito do colóquioRePort“. Num discurso que classificou como “polémico”, Grande apontou várias críticas à Porto Vivo e à Sociedade de Reabilitação Urbana que, na sua opinião, não estão a pensar no “pequeno investidor”.

Também Paulo Valença, arquitecto e coordenador da reabilitação do Morro da Sé, salientou a importância da reabilitação urbana para atrair população. “Havendo oferta, as pessoas ficam no Centro Histórico do Porto.”

Novos projectos para o Morro da Sé

No Centro Histórico do Porto existem 1796 edifícios, sendo que 575 estão em mau estado e 78 em ruína. Para os reabilitar, a Porto Vivo estima necessitar de mais de 200 milhões de euros, avançou Rui Loza, arquitecto e membro da SRU.

Num panorama em que 96% dos 64.886 m2 de área bruta construída do Morro da Sé necessita de obras de recuperação, estão em curso vários projectos estratégicos para a zona, anunciou Paulo Valença, arquitecto e coordenador do projecto de reabilitação daquela área. Uma residência de estudantes, uma unidade de alojamento turístico e um lar de 3.ª idade são algumas das iniciativas. Também será implementado um programa de realojamento de habitantes.

Já o sociólogo Virgílio Borges Pereira, que fez um estudo sobre o Morro da Vitória, alertou para as necessidades daquela área. Apenas 6% dos edifícios não precisam de ser recuperados e existe uma alta “desigualdade social”. “A população é envelhecida, com capital económico baixo e qualificações baixas.”