O Alentejo foi a zona escolhida para dar vida a uma nova exposição no Centro Português de Fotografia (CPF). “Lugares Alentejanos na Literatura Portuguesa” é o nome do projecto, que está patente no CPF até 18 de Abril. A iniciativa foi imaginada e realizada pela Estação Imagem, uma associação, com sede em Mora, que tem como objectivo produzir iniciativas puridisciplinares de carácter documental centradas no Alentejo.

Os artistas:

Fernando Veludo, Luísa Ferreira, Bruno Portela, Leonel de Castro, José Manuel Ribeiro, Bruno Rascão, Céu Guarda, Pedro Letria, Luís Barra, António Carrapato, Luís Vasconcelos e Luís Ramos. Desenhos de Henrique Cayatte e José Pinto Nogueira.

O primeiro passo foi procurar o Alentejo na obra de escritores e poetas portugueses. Depois de seleccionados os livros, foram escolhidos 14 especialistas em fotografia e desenho. A cada um foi entregue uma obra onde teriam de ilustrar alguns excertos da obra em dez fotografias. No entanto, na exposição estão apenas representadas apenas três imagens.

Fernando Veludo é um dos catorze artistas escolhidos. Mostra-se honrado com o convite, pois é sinal que o seu trabalho é reconhecido: “o facto de estar incluído nessa selecção foi óptimo, fantástico”. O livro “Levantados do chão” de José Saramago foi o livro que teve de ilustrar. Quando soube que o livro era de José Saramago sentiu uma grande responsabilidade “porque é o Nobel da Literatura”.

Como a história do seu livro se passa na altura do Estado Novo, altura em que a repressão se fazia notar, Fernando Veludo deu às suas imagens um lado mais escuro. “Tentei criar fotografias com uma densidade mais escura e com pequenos elementos mais eliminados que representavam a felicidade momentânea.” De todas as imagens que fotografou, destaca como preferidas: “as imagens onde se vê a força do trabalho” ou o “suicídio de uma das personagens do livro num tronco de um sobreiro”.

Para o fotógrafo, esta exposição foi “bem estruturada” sendo “um projecto muito interessante”. Por isso, considera que “todos os lugares deviam ter a oportunidade de ter outra visibilidade, no sentido de um olhar diferente, não o olhar do cidadão comum, um olhar mais apurado”. Para Fernando Veludo, esta exposição pode aproximar as pessoas dos livros e dos lugares.