É um dos edifícios de referência na história do Porto. Os mais velhos ainda se lembram que era para ali que iam todos os prisioneiros da cidade. Recordam, sobretudo, o “aspecto decadente do edifício” na altura, que não “dignificada de modo algum aquela zona e a cidade do Porto”, diz, ao JPN, o historiador Nuno Resende. Era o edifício da Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, que hoje é o Centro Português de Fotografia (CPF).

Criado em 1997, o CPF ocupou o rés-do-chão do edifício da Cadeia da Relação. E foi em Dezembro do mesmo ano que começaram as primeiras exposições. Contudo, só em 2001, após a restauração do edifício pela equipa de arquitectos Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira, é que o CPF se alargou a todo o edifício.

Da antiga estrutura nasce, assim, um novo lugar, um novo conceito. Foi com agrado que Nuno Resende viu esta requalificação: “Achei muito interessante terem instalado o Centro Português de Fotografia naquele espaço, muito embora não esteja ligado à história da fotografia em Portugal”.

Exposição “Resistência – Da alternativa Republicana à luta contra a Ditadura”

Hoje, o grande objectivo do CPF é “equilibrar a fotografia contemporânea e histórica, a fotografia portuguesa e internacional”, como se pode ler no site da instituição. As exibições “Lugares Alentejanos na Literatura Portuguesa” e “Resistência – Da alternativa Republicana à luta contra a Ditadura“, patente até 5 de Outubro, enquadra-se neste propósito,

O intuito desta exposição, que se enquadra nas comemorações do Centenário da República, é, como se pode ler na sinopse, procurar “rostos, gestos, momentos da vida” de portugueses que foram responsáveis pela liberdade do país.

Numa linha cronológica presente em toda a exposição, os visitantes podem conhecer a história de Portugal de 1891 a 1974. Uma época em que o próprio edifício ainda funcionava como a Cadeia e o Tribunal de Relação do Porto, que albergava muitos dos presos que fazem parte da história contada na exposição.

A exposição sobre o Centenário da República tem como enfoque a fotografia, um documento histórico que, para Nuno Resende, “passa muitas vezes despercebido”. O historiador considera que através dela as pessoas podem “compreender bastante melhor” a história que está a ser contada. Sara Cruz, guia da exposição, partilha da mesma opinião, afirmando que a fotografia “apela de uma outra maneira às pessoas para tentarem perceber a realidade da época”.

Alunos satisfeitos com a exposição

São muitas as escolas que organizam visitas ao CPF para assistir à exposição do Centenário da República. Para Fátima Valério, professora de História na Escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, a exposição tem um grande qualidade, verificada no feedback positivo dos alunos. “Estiveram extremamente interessados, participaram, fizeram perguntas, lembravam-se do que tinham dado nas aulas”.

Mariana e Miguel são dois dos alunos que visitaram a exposição. No final mostraram-se satisfeitos com aquilo que viram. Mariana gostou da exposição pois permitiu complementar o conhecimento que já tinha das aulas de História. “Ficámos a conhecer mais sobre o passado e a história do nosso país”, diz Miguel.