Angela Merkel permanece à margem do programa de cooperação económica que a União Europeia (UE) está a delinear para poupar a Grécia duma crise económica ainda mais forte. A chanceler alemã afirmava, na semana passada, que depois da Grécia violar durante anos o Pacto de Estabilidade europeu, o melhor nesta altura seria expulsá-la da Zona Euro, recusando-se a prestar quaisquer ajudas financeiras.

População alemã contra ajuda à Grécia

Numa estimativa divulgada hoje pelo jornal “Financial Times”, 62 por cento dos alemães opõe-se ao plano de ajuda à Grécia, enquanto que apenas vinte por cento está a favor. Já um terço da população germânica é da opinião que a Grécia devia deixar o Euro.

O presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, numa entrevista publicada hoje, segunda-feira, no jornal alemão “Handelsblatt”, citada pela agência Reuters, pediu que a líder alemã dê o “sim” e contribua para o plano de ajuda financeira que tem o objectivo de auxiliar a já endividada Grécia. O político português ressalvou ainda a “necessidade” de uma decisão na próxima reunião de ministros e chefes de estado, no final da semana, em Bruxelas, para acabar com “esta permanente incerteza”, que “ameaçaria a estabilidade da Zona Euro e só alimentaria a especulação.”

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, Miguel Angél Moratinos, já anunciou que a actual Presidência espanhola da União Europeia também vai trabalhar para encontrar uma solução para o problema do endividamento público grego. “Acreditamos que é um momento importante para o futuro da UE e para o futuro do euro”, sublinhou Moratinos esta manhã ao “El País”, à entrada para o Conselho de Ministros e Assuntos Exteriores da UE. Também os ministros dos negócios estrangeiros de França e de Itália já prometeram ajuda e destacaram a necessidade de um rápido auxílio à república helena.

Atenas espera, assim, num contexto de tensão europeia, a aprovação de um plano de ajuda. O mecanismo pretendido pelo país baseia-se em empréstimos a taxas inferiores concedidos pelos estados-membros da Zona Euro.

O presidente da Comissão Europeia acredita que o governo germânico pode vir a intervir positivamente para a resolução da situação negativa na Grécia. “Assegurar a estabilidade da união monetária interessa também à Alemanha”, pelo que “estou seguro de que terá uma contribuição construtiva na resolução da actual crise grega”, admitiu Durão Barroso ao jornal alemão.