Portugal desceu de categoria na escala avaliativa da Fitch Ratings. A agência de cotação financeira, que avalia a dívida pública a longo prazo, anunciou ontem a descida do país da categoria “AA” para a “AA-“, numa escala limitada de “AAA” a “D”. Trata-se da primeira desvalorização portuguesa na tabela em doze anos.

Euro regista o pior desempenho nos últimos dez meses

A Europa vive grandes momentos de indecisão no que concerne à ajuda à Grécia. A Comissão Europeia, França, Espanha e Itália apoiam um plano de auxílio conjunto, enquanto que a Alemanha continua de fora, estabelecendo garantias e exigências. Somando a isto, a Fitch Ratings reduziu a notação da dívida portuguesa para “AA-“. O euro cotava, assim, ontem a 1,3381 dólares, um nível que não era registado desde Maio de 2009. A moeda europeia retrocedeu 6,3% este ano, o seu pior registo desde 2005, quando caiu 12,7%.

Segundo o comunicado de imprensa emitido pela Agência, esta “descida no valor do crédito” deve-se ao aumento da dívida pública. O défice financeiro português, que em Setembro de 2009 era apontado pela Agência para 6,5%, foi afinal de 9,3%, o que provocou esta desvalorização no rating.

Douglas Renwick explicou que “um choque fiscal considerável num cenário de relativa fraqueza macroeconómica e estrutural reduziu o valor do crédito” português. O director da agência financeira acrescentou que “apesar de Portugal não ter sido desproporcionalmente afectado pela crise global, as perspectivas para a recuperação económica são mais fracas do que as dos outros 15 países da Zona Euro”, o que “vai pressionar as suas finanças públicas no médio prazo”.

O anúncio desta desvalorização afectou o principal índice de referência em Lisboa. O PSI20 derrapou ontem em 2,02 por cento para os 7.917,12 pontos, com todos os títulos a transaccionarem em terreno negativo.

Renwick aprova Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC)

Apesar do corte no rating da Fitch, o director da agência financeira considera o PEC português “amplamente credível”, que agrupa “pressupostos macroeconómicos razoáveis” e afasta um cenário de instabilidade política. Ainda assim, avisa também que o “ajustamento do défice está concentrado” e que “o risco de decepção macroeconómica é significativo”, particularmente nos últimos anos das projecções do governo – 2012 e 2013.

O executivo de José Sócrates vai fazer passar hoje, quinta-feira, no Parlamento, o Plano de Estabilidade e Crescimento, que visa reduzir o défice para 2,8 por cento do Produto Interno Bruto em 2013. Para aprovação do mesmo, será necessário a unanimidade do hemisfério, já que o Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, adiantounum email à agência “Reuters” que se não houver consenso político o programa financeiro não é viável.

Cenário Internacional

Esta mudança da categorização do país é um claro indicador de que os problemas de dívida pública que têm afligido a Grécia podem também alastrar-se às economias mais débeis da Zona Euro.

Portugal está agora no grupo da Irlanda, Itália e Chipre. Pior só mesmo a Grécia, Malta e a Eslováquia, enquanto que no topo da lista figuram a Áustria, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Holanda e Espanha, que têm o mais alto rating – “AAA”.