A greve foi a única forma encontrada pelos enfermeiros para lutar contra a discriminação que dizem estar a ser alvo por parte do Governo. Quem o diz é Guadalupe Simões, presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SEP), que, por isso mesmo, espera que 90 a 95% dos enfermeiros adira à paralisação convocada para esta semana.

Os trabalhadores reuniram-se com o Ministério da Saúde (DGS) no passado dia 24 de Março, para debater uma série de pontos propostos pelo sindicato, entre eles o congelamento salarial da Função Pública e a progressão na carreira. Contudo, ainda não se chegou a um acordo que agrade ambas as partes. Desta forma, a discussão sobre o salário dos enfermeiros prossegue, visto que o Estado só aceita aumentar os vencimentos a partir de 2013, o que, aos olhos do sindicato, trata-se de “discriminação salarial”. Guadalupe Simões explica que não é possível continuar a aceitar que se diferencie o sector dos enfermeiros de outros sectores profissionais da Administração Pública, à medida que as condições de trabalho se vão degradando.

Segundo a lei portuguesa, todos os funcionários licenciados da Função Púbica devem auferir no mínimo 1200 euros mensais, mas, actualmente, os enfermeiros em início de carreira recebem 1020 euros.

Paula, que trabalha no Hospital Geral de Santo António (HGSA), no Porto, revela ao JPN que não é promovida desde que entrou para a Função Pública. A enfermeira admite a possibilidade de aderir à greve, uma vez que há oito anos que sente que não é reconhecida pelo seu trabalho. Paula pede justiça e mais facilidades de progressão na carreira.

Quem sai prejudicado com a greve são os utentes. Rosa Fonseca admite a legitimidade da paralisação, mas acha que os moldes em que está produzida não são os mais adequados. Já Osvaldino, dador de sangue, acha que a greve é a única alternativa que os enfermeiros têm para verem os seus direitos reconhecidos.

Adesão “muito positiva” no Norte

A greve iniciou-se segunda-feira por volta das 16h00 e só termina na quinta-feira às 8h00. O JPN tentou contactar a Direcção Geral de Saúde e o Hospital Geral de Santo António, mas ambos escusaram-se a comentar a paralisação.

Guadalupe Simões, presidente do sindicato dos Enfermeiros, em declarações ao JPN, afirma haver uma adesão de “93,59%” no Hospital Distrital de Vila Nova de Gaia (CHVNG), “90,95%” no Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO ), “94,74%” no Hospital de São João do Porto (HSJP) e “91,51%” na Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Ainda não há dados relativos ao Hospital Geral de Santo António.

Estes dados deixam, para já, o sindicato “satisfeito”, que classifica de “muito positiva” a adesão à greve que se iniciou esta segunda-feira. Faltam ainda apurar os números no resto do país.

Artigo actualizado às 19h05 de 29 de Março de 2010