“Nós queríamos fazer mais qualquer coisa do que aquilo que até há data estávamos a fazer”, explica António Campos, presidente da Cruzada do Bem Fazer de Campanhã. A resposta a essa vontade foi dada pela primeira vez há um ano, com a “Cruzada da Sopa” “Sopa da Cruzada”.

A iniciativa distribui, actualmente, oitenta sopas todos os dias, por cerca de 25 famílias da freguesia de Campanhã. “Para uma boa parte das pessoas, é absolutamente indispensável esta sopa”, refere António Campos. “Se não fosse a sopa da cruzada não comiam”, acrescenta.

No último ano já distribuíram mais de 15 mil sopas, que as pessoas levam para casa. “Nós fazemos a sopa, as pessoas vão lá e transportam a sopa para casa”, diz António Campos. “Não comem lá, porque a nossa filosofia é esta: é em casa que se come”, explica.

Para além desta filosofia, há o problema da “logística”, pois como o explica o presidente, a Cruzada “não tem condições logísticas para ir levar a sopa a casa das pessoas”. Desta forma, a distribuição é feita num espaço cedido pela junta de Freguesia, que também contribui com “uma pequena ajuda” monetária para a compra dos alimentos necessários à confecção da sopa.

A “Cruzada da Sopa” “Sopa da Cruzada” conta, ainda, com a ajuda de “alguns comerciantes do Mercado Abastecedor”. No que toca ao trabalho de confecção e distribuição, este “é só voluntário”. “Temos neste momento entre 15 a 20 voluntários”, refere o presidente. Alguns dos voluntários que trabalham na iniciativa levam também a sopa para casa, o que segundo António Campos “é bom, porque as pessoas começam a perceber que não é só ter dificuldades e esperar que as coisas lhes sejam dadas”.

Mas nem todas pessoas podem levar a sopa, já que há critérios de selecção, para prevenir eventuais ajudas desnecessárias. “Não gostamos de dizer que não”, afirma António Campos, contudo não esconde que já houve situações em que tiveram “que dizer que não tinha cabimento eles pedirem a sopa”.

Com uma necessidade e procura crescente desta sopa, a Cruzada do Bem Fazer de Campanhã tem como objectivo “conseguir mais um ou dois pólos de distribuição”, porque “a freguesia é muito grande”. “Se nós não tivéssemos clientes, fechávamos”, declara. Apesar de “a pobreza ser envergonhada”, a iniciativa teve desde logo procura, tanto que de 50 sopas previstas inicialmente, passaram a 80. O próximo objectivo passará pela distribuição diária de cem sopas.

Artigo corrigido às 12h12 de 30 de Março de 2010