A Fundação Serralves apresentou, esta sexta-feira, “A Matéria Negra da Luz dos Média”, um dos grandes destaques da programação de 2010 e a maior retrospectiva apresentada pela artista nova-iorquina Dara Birnbaum, que sempre assumiu a referência política e a reflexão sobre a representação feminina nos media na sua obra.
A exposição, feita em parceria com o museu SMAK de Gent, reúne uma “selecção das obras mais importantes que Dara tem vindo a fazer”, adaptadas “ao espaço de Serralves”, onde a artista oferece uma “crítica da presença dos media na sociedade contemporânea, sob a forma como o espectador é exposto ou manipulado pelos media, nomeadamente a televisão”, esclarece João Fernandes, comissário da exposição.
Com “A Matéria Negra da Luz dos Média”, Dara “alia a imagem vídeo, através da projecção, a uma particular construção escultórica do espaço” mediante uma análise e re-edição dos conteúdos televisivos, com fim a lançar um “desafio particular a cada espectador na sua relação com os meios de comunicação na nossa sociedade”.
Birnbaum contra a passividade do telespectador
Dara Birnbaum nasceu em 1947, em Nova Iorque, tendo vivido os mais conturbados momentos da história contemporânea, muitos dos quais inspiraram algumas das suas obras, tal como o massacre de Tienamen, a Guerra do Golfo e a morte de Martin Schleyer pelo exército vermelho pela RAF (Rote Armee Fraktion, facção do exército vermelho).
Birnabaum destaca-se na primeira geração de artistas que fizeram dos conteúdos televisivos objecto das suas reflexões, tornando-se hoje “um capítulo na relação da arte com os media, na arte do século XX, cuja obra cresce com o próprio desenvolvimento dos média”, acrescenta João Fernandes.
“É um óbvio privilégio para Serralves apresentar em Portugal a mais importante retrospectiva até agora apresentada por Dara Birnbaum” comenta João Fernandes, acrescentando que “a exposição é uma grande novidade no contexto artístico português”. “Em Portugal não há muitas exposições que tenham reflectido tanto este tema da arte com os media ou a crítica ao que é a situação da recepção e circulação da imagem dentro dos média do nosso tempo”, entende.
Entre as obras de maior relevo, destacam-se “Elegia a Dona” “Elegia a Donna” e a célebre análise da artista à serie televisiva Wonder Woman, “Technology/Transformation: Wonder Woman, 1978-79”.
“A Matéria Negra da Luz dos Média” vai estar em exposição na Fundação Serralves até ao dia 4 de Julho.
