Os investigadores Luís Gales, Rui Afonso, Joana Durão, Ana Damas e Adelino Mendes, pertencentes ao Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) descobriram um método de separação de gases inovador, assente na utilização de cristais como filtros. Trata-se de uma classe de cristais de dimensões muito pequenas capaz de separar os componentes de gases com grande eficácia.

A separação dos componentes do ar é algo que desperta bastante interesse no meio científico, uma vez que os seus componentes individualmente têm um grande valor comercial. Esta tarefa era, no entanto, dificultada pela semelhança do tamanho das suas moléculas.

A classe de cristais usada pela equipa de investigação da U.Porto reúne condições que permitem, segundo Luís Gales, um dos responsáveis pela investigação, uma “selectividade muito maior” do que os métodos convencionais. A novidade em relação aos materiais anteriormente usados como membrana de filtro é que os poros de um cristal têm todos o mesmo tamanho, o que permite uma filtragem perfeita.

“Escolhemos os cristais mais adequados ao tamanho das moléculas e separamos o árgon, o azoto e o oxigénio.” Para isso foram utilizados “cristais com um tamanho de poro que deixasse passar um componente e não outro”, refere o investigador ao JPN.

Este processo de separação de moléculas dos gases pode ter inúmeras aplicações comerciais na indústria e na biomedicina. Para o tornar realidade, o grupo de investigadores está a trabalhar na “incorporação dos cristais numa membrana que permita a filtragem em larga escala”.

A proposta inovadora da equipa de investigadores da UP foi publicada numa das mais conceituadas publicações científicas mundiais (Angewandte Chemie International Edition).