Joss trabalha com marionetas há 17 anos. A calçada de Santa Catarina é só mais um local onde pode mostrar a sua arte. De naturalidade portuguesa mas criado em França, conta como a rua facilmente se tornou o seu lugar de trabalho. Tinha 25 anos quando decidiu abandonar o emprego na construção civil e viajar de barco pelo mundo fora. Nessa altura, aprendeu a fazer marionetas e desde então que se dedica à arte. Constrói, pinta e veste cada uma delas.

“Vim agora conhecer o meu país”, afirma Joss, que percorreu nos últimos anos “toda a Europa”, aperfeiçoando assim o seu talento. Esta possibilidade que a rua lhe oferece, de nunca estar no mesmo local durante muito tempo, é algo que valoriza. No entanto, refere que quando começou sentia “vergonha” de trabalhar diante de tantas pessoas. Facto que ultrapassou já que, actualmente, tem “orgulho” naquilo que faz. “Eu vivo da minha arte.”

“A rua tem mais pessoas que apreciam”

Mais abaixo encontra-se Walter Silva. Trabalha ao ritmo do som das moedas que ao caírem no saco anunciam mais uma mudança de posição. É homem estátua há quatro anos. À semelhança de Joss, trocou o emprego que tinha na construção civil pela calçada da cidade do Porto. “A rua tem mais pessoas que apreciam o nosso trabalho”, afirma o artista. Entre a Ribeira e Santa Catarina, posa em troca de alguns trocos e, às vezes, fica “mais de uma hora sem se mexer”.

Walter afirma que as crianças e os turistas são quem mais aprecia o trabalho dos artistas de rua e, por isso, o Verão é uma estação privilegiada para trabalhar já que “há mais turistas”. Contudo, o contacto com as pessoas nem sempre é positivo e o artista diz que “às vezes” se sente discriminado. “É normal”, diz, pois “quem trabalha na rua espera tanto coisas boas como coisas más”.

Estes artistas partilham o mesmo palco, mas isso não é problema, afiança Walter. “Cada um faz um tipo de arte” e por isso “ninguém atrapalha ninguém”. A variedade agrada a mais pessoas e cada uma “dá dinheiro a quem merece e a quem acha melhor”.