Apesar de muitas vezes serem vistos pelo público como “artistas menores”, para Luciano Amarelo, director artístico da associação Terra na Boca, os artistas de rua possuem uma “liberdade de expressão maior”. Esta é, aliás, uma das razões da existência desta organização sem fins lucrativos, que aposta em espectáculos multifacetados e linguagens pouco divulgadas em Portugal, como é o caso do Novo-Circo e do Teatro de Rua.

Na rua, “todos os que passam são públicos”, enfatiza Luciano Amarelo, para quem esta possibilidade de ter uma maior assistência pode levar ao abandono de um emprego seguro. Os artigos chegam a “novos públicos”. “Há a ideia de que mais gente nos vê.”

Estes artistas são algumas vezes descriminados, diz o responsável, sobretudo quando decidem “pedir esmola”. Correm o risco de serem vistos como “pedintes” e de serem “olhados com desprezo”. No entanto, diz Luciano Amarelo, há artistas de rua que conseguem o “sucesso” e “vingam”, o que tem levado cada vez mais a um aumento de “festivais de rua com maior qualidade e competição”.

Desta forma, o director e programador defende que “o trabalho artístico” deve ser “de uma qualidade notável para se afastar a ideia de pedintes” e assim “elevar o estatuto”. “Tudo o que é feito deve ser feito com muito trabalho e dedicação”.

Luciano Amarelo afirma que sente “orgulho” na sua profissão apesar das “cada vez mais difíceis condições”. Acrescenta ainda, que desde que o uso da rua “seja facilitado” aos artistas, esta “volta a ganhar vida”, porque é “o palco de todos”.