“O Norte anda à procura do quê?”. Foi para esta pergunta que se procuraram respostas na última conferência da iniciativa “Olhares Cruzados sobre o Porto VII”. Com apresentação de Luís Reis e intervenções de António Mexia e Carlos Moreira da Silva, a reflexão sobre o papel das pequenas e grandes empresas na região Norte foi moderado por Alberto Castro.
O administrador da Sonae, Luís Reis, presente na conferência, defendeu que “um tecido empresarial forte e competitivo tem de ser balanceado entre pequenas e grandes empresas”. De acordo com o administrador, Portugal tem, “em geral, empresas pequenas” e as grandes, no seu ponto de vista, “têm sido objecto de maus-tratos nos últimos tempos”. No que toca ao Norte do país, Luís Reis afirma que são “precisas empresas” na região, tendo, no entanto, a consciência de que não é o tamanho da empresa que conta, de início. “Antes de precisarmos de empresas grandes, precisamos de empresas pequenas que cresçam”.
“É mais importante que um estado, país, região estimule as pequenas empresas e apoie as grandes”, remata Luís Reis, acrescentando que esse estímulo é mais importante que tentar “atrair” empresas para o território. “Em Portugal penaliza-se em excesso o empresário que falha”, critica.
É preciso “premiar o sucesso e o insucesso”
“Precisamos de melhorar a maneira de empreender e inovar”, afirmou Carlos Moreira da Silva, presidente da Cotec Portugal, também presente na conferência. O presidente da associação empresarial para a inovação acrescentou que é preciso “apoiar o empreendedor”, dando exemplos de iniciativas de fomento à inovação, como é o caso do programa Porto Futuro, definido pela Câmara Municipal do Porto (CMP) e importante para “melhorar a qualidade de gestão” ou o programa Erasmus, necessário para o desenvolvimento do “cosmopolitismo”.
O presidente da Cotec Portgaul falou, ainda, do papel das empresas tecnológicas, que “tem de ser incentivadas”, e na necessidade de “aumentar a capacidade de atrair e reter os melhores”, pois “a grande maioria das empresas de qualidade está fora do Porto”.
Por último, frisou a importância de se fazer “enviesamento fiscal”. “Se não o fizermos, não vamos conseguir atrair e reter empresas”, referiu. Na sua opinião, o “IRC devia acabar”, pois, apesar da medida “parecer para os ricos”, está “demonstrado que as empresas investem melhor o dinheiro, em média, que o Estado”. “É preciso acabar com a máquina fiscal”, afirmou.
António Mexia foi o último orador. O presidente da EDP partilha da opinião de Luís Reis e entende que deve “haver um equilíbrio entre pequenas e grandes empresas”, equilíbrio esse que “se constrói naturalmente”. Relativamente às palavras do administrador da Sonae, António Mexia afirmou que “pior do que penalizar o insucesso é penalizar o sucesso”. “O país precisa de premiar o sucesso e o insucesso”, refere. Opinião semelhante tem Carlos Moreira da Silva, que entende que é preciso criar “diferença competitiva”.