Numa altura em que em Portugal limpam-se armas e contam-se os “mortos”, preparando o vatícinio da trágica caminhada numa África do Sul ainda instável demais para a realização de um Mundial (na minha modesta opinião), as outras grandes ligas estão a entrar na sua fase mais importante.

Portugal é o exemplo pragmático do futebol vivido pela metade. Metade do jogo é feito fora do campo, metade da táctica é feita pelos presidentes, metade da técnica é feita pelos árbitros, metade da estratégia é delineada nas conferências de imprensa, metade do campeonato começa à 7.ª jornada e acaba à 24.ª e mais de metade do talento que passa por aqui voa rapidamente para outras paragens.

Numa altura em que, em França, há uma distância de cinco pontos entre o primeiro e o sexto classificado (com El Comandante na liderança claro…ai as saudades), em Espanha, Real e Barça estão com os mesmos pontos. Em Itália, Mourinho só tem um ponto sobre Romanos e três sobre Milaneses, em Inglaterra, Chelsea segue na liderança com mais dois pontos do que o Manchester United e mais três do que o Arsenal e, na Alemanha, sete pontos separam primeiro de quarto, sendo que o título ainda está longe de garantido para o (fantástico europeu) Bayern Munique. Apenas em Portugal já se sabe quem vence, quem desce e quem vai às competições europeias. E não é so mal desta época.

Numa altura que a Europa está em rebuliço, as competições europeias entram na sua fase mais espectacular, emotiva e decisiva, em Portugal pensa-se…na África do Sul. Os jogadores querem ir ao Mundial e para quê? Muito provavelmente para também eles voarem daqui para outras ligas onde se jogue o futebol dentro das quatro linhas e até ao último minuto do último jogo do campeonato.

E por falar em Mundial e na África do Sul, na nossa cabeça começamos a fazer apostas (também somos portugueses, o campeonato e as competições europeias já foram portanto o que nos resta?!) e vemos Cristiano Ronaldo a defrontar Messi e a brincar, ao dizer: “Eu sou o maior…em altura.” Vamos lá Ronaldo, só te ficava bem dizer que “la pulga” é o melhor, porque realmente, olhando para o Mundial, que espectáculo seria sem Messi?

Em conversa com o meu pai e outros sábios do futebol, ouço várias vezes : “Nunca viste Pelé nunca viste Maradona, Eusébio, Van Basten, Cruyff ou Platini.” Não senhor, é verdade, mas quem me tirar Messi, Rooney, Xavi, Gerrard, Lucho ou mesmo Cristiano Ronaldo, tira-me o Mundial…e se já só tenho metade do futebol para ver… não me tirem tudo.