O objectivo é “avaliar os abusos estudantis durante os festejos académicos”, explica Margarida Fardilha, investigadora da Universidade de Aveiro (UA). O estudo pretende, desta forma, perceber se o consumo abusivo de álcool e de drogas poderá afectar a espermatogénese, produção de espermatozóides.

“É um período de tempo muito curto em que se abusa imenso de álcool e, muitas vezes, também de drogas, mesmo que sejam drogas leves”, refere a investigadora relativamente a eventos como a Queima das Fitas. De acordo com Margarida Fardilha, “prevê-se” que estes “abusos” tenham “efeitos nefastos na qualidade dos espermatozóides”.

Desta forma, o estudo será levado a cabo durante a Semana do Enterro na Universidade de Aveiro e a Queima das Fitas da Universidade de Coimbra e contará com a participação “voluntária” de estudantes do sexo masculino. Vladimiro Silva, administrador do Centro de Estudos de Fertilidade de Coimbra (Ferticentro), vê estes eventos como “condições sazonais excelentes” para a realização do estudo.

Para além dos alunos que vão participar nos festejos académicos, Margarida Fardilha fala de um “grupo de controlo” que vai ser criado, já que “há sempre estudantes que não bebem, não fumam ou não tomam drogas leves ou outras”.

As amostras vão ser recolhidas “antes, durante e três meses depois da Queima”, como explica Vladimiro Silva, isto porque os espermatozóides “demoram cerca de três meses a ser produzidos”, refere. As colheitas serão, então, avaliadas segundo as “características do espermatozóide: morfológicas, de concentração e de biologia molecular”.

Segundo o administrador do Ferticentro, trata-se de um “estudo com características únicas”, tanto a nível nacional como internacional, porque vão ser estudados “parâmetros do esperma que nunca foram estudados em contextos como estes”. Para além de ser importante a nível científico, Vladimiro Silva não deixa de reconhecer a importância que o resultado do estudo pode ter na consciencialização dos jovens, que “estão numa idade em que não pensam nas consequências”.

Os investigadores contam com a participação voluntária dos estudantes e até já recebem pedidos de esclarecimento relativamente ao estudo. A investigadora Margarida Fardilha diz que, para sua “surpresa”, já há “alguns voluntários que se mostraram interessados, via email, em saber quais as condições em que devem participar”.