Ontem, domingo, o caos estava instalado no aeroporto de Madrid. Depois de ter estado encerrado desde as 11h00 até às 15h00 (menos uma hora em Lisboa), devido à aproximação da nuvem ao território espanhol, milhares de pessoas perderam as ligações aos seus países de destino. A maior parte dos voos foram cancelados, as filas eram intermináveis para quase todos os serviços e as cabines telefónicas estavam praticamente todas ocupadas por centenas de passageiros que tentavam contactar as famílias.

Alguns passageiros optaram mesmo por dormir no chão do aeroporto, já que as transportadoras aéreas não apresentavam soluções de alojamento ou transporte alternativo. Houve ainda quem tentasse a sorte nos guichés das companhias de comboios e autocarros, mas os bilhetes para as comunicações terrestres que ligam Madrid às capitais europeias encontram-se esgotados desde sábado.

Para os passageiros, a solução está em ir de táxi, alugar carro ou esperar

Sem mais opções, quem quer viajar mas está retido no aeroporto de Madrid começa a procurar outras soluções. Foi o caso de Windy de Kok que voava com a irmã, os filhos e os sobrinhos. Retida ontem no aeroporto de Madrid depois do seu voo a partir de Barcelona com destino a Bruxelas ter sido cancelado, a passageira que passou férias em Gran Canaria foi desviada para a capital espanhola, onde aguardava um táxi belga que a levaria para Bruxelas. Windy acusa a companhia área de não prestar uma assistência adequada e de não revelar quaisquer informações.

“Eu tinha voo na sexta-feira para Buenos Aires a partir de Madrid e não consegui a ligação Paris-Madrid”, conta, por sua vez, Julie. A francesa teve de optar por ir de comboio até Irun, uma localidade fronteiriça espanhola, onde apanhou um autocarro que a levou a Madrid. “Espero embarcar esta noite para Buenos Aires”, desabafa a passageira.

Marina provinha de Montreal com destino a Paris. Trocou de avião em Atlanta, Nova Iorque e estava ontem na capital espanhola. Tal como a maioria dos outros passageiros, queixa-se da falta de informação e da dependência do telemóvel para aceder a informações sobre os voos.

Já John Meisters optou por alugar um carro com os seus companheiros britânicos. O inglês tinha voo do Cazaquistão para Londres, mas a nuvem de cinzas obrigou o avião a aterrar em Istambul. No domingo, em Madrid, conseguiu alugar uma viatura que os levará até Paris.

Paris é também o destino de Marion Blackburn, que ontem esperava com a filha por um autocarro que a levasse até à capital francesa. Instaladas numas cadeiras emprestadas pela companhia aérea, as duas britânicas contam que o voo que as trouxe de Miami teve de aterrar na capital espanhola. Satisfeita com o trabalho da transportadora aérea, Marion prepara, contudo, uma forma alternativa de chegar a Londres, recorrendo a familiares que residem na Holanda para passar os próximos dias.

Por outro lado, July Smith ainda não viu a sua situação resolvida. Regressada de Havana, em Cuba, explica que o seu voo para Londres foi agendado para dia 27 de Abril. De chinelos e fato de treino, preparava-se para passar, pelo menos, a noite de ontem no aeroporto de Barajas, em Madrid, juntamente com os filhos e o marido.