Perseguindo a esfera do fantástico, “O Vampiro de Belgrado” aborda questões como a busca do amor e a necessidade de comunicar. Radislav Vujik, interpretado por Pedro Mendonça, é um vampiro surdo-mudo que colecciona fotografias e devora imagens.

Em cena:

“O Vampiro de Belgrado” vai estar em cena de quarta-feira, 21 de Abril, até 22 de Maio, na Fábrica Social (Fundação Escultor José Rodrigues), de quinta-feira a sábado, às 22h00.

Esta necessidade de conservar a memória a degustar imagens deve-se, também, à sua condição. É através destas representações da realidade e das palavras escritas que consegue comunicar ao longo da sua procura pelo verdadeiro amor: Jelena Nikolic, interpretada por Isabel Nunes.

O encenador Miguel Cabral refere ao JPN que Vujik “vive das imagens”. Suga-as, em vez do habitual sangue. Em “O Vampiro de Belgrado”, os actores dividem-se entre personagens e narradores para falar da “da natureza do mal e da humanidade”, explícitas pela alegoria do vampiro.

Foi exactamente essa alegoria que prendeu o interesse do encenador, que revela que a escolha do conto “A História do Vampiro de Belgrado”, da obra “A Fotografia”, do escritor português Gonçalo M. Tavares, mostrou-se “bastante interessante” pela forma como o autor “faz esta metáfora com as imagens”.

A peça é descrita como “uma pequena história de comboios-fantasma que persegue o amor e concebe a diferença como parte fulcral da condição humana”. É também um retrato de um vampiro que “gosta do sangue do século XXI”: as fotografias.