A unidade de saúde portuense, que engloba o Hospital Geral de Santo António, a Maternidade Júlio Dinis e o Hospital Pediátrico Maria Pia, foi a instituição com maior prejuízo da região norte, segundo dados da Administração Central dos Sistemas de Saúde. A estimativa dos resultados líquidos de 2009 atribui ao Centro Hospitalar do Porto (Entidade Pública Empresarial) o valor negativo de 31,7 milhões de euros no resultado das contas da unidade. Este valor é, também, o segundo maior a nível nacional, ficando apenas atrás do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que acumulou prejuízos de 33,1 milhões de euros.

Pedro Esteves, presidente da Administração do Centro Hospitalar do Porto, referiu segunda-feira à Agência Lusa que prevê equilibrar as contas em dois anos. “neste momento, temos em marcha um plano de recuperação com o objectivo de conseguir, até 2012, o equilíbrio das contas”, explica. O referido plano de recuperação contemplará uma melhor organização dos serviços, um aperfeiçoamento do controlo dos consumos e uma maior responsabilização das estruturas intermédias.

Por outro lado, a outra grande unidade de saúde da cidade do Porto, o Hospital de S. João, fechou o ano de 2009 com uma estimativa de lucro de 700 mil euros. Ao contrário do Centro Hospitalar do Porto, o S. João tem vindo a alcançar resultados positivos nas suas contas ao longo dos últimos anos. Em declarações à Agência Lusa, o presidente do Conselho de Administração, António Ferreira, explica que estes resultados provêm “do empenho e a disponibilidade dos profissionais do hospital”, ajudados por “novos modelos de gestão clínica”.

Tanto o Hospital de S. João como a unidade vizinha, o IPO Porto, contabilizaram resultados positivos nas contas financeiras, sendo o IPO a unidade do país com maior lucro, atingindo valores positivos de 8,2 milhões de euros.

“Hospital de S. João tem sempre um sentido positivo”

A Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares também se pronunciou sobre estes resultados. Pedro Lopes, presidente da associação, reconhece que os números do Centro Hospitalar do Porto “não são satisfatórios” e que “a linha de resultados do Hospital de S. João ao longo dos últimos anos tem sempre um sentido positivo”. Sobre este último, afirma mesmo que “não há dúvida que é um hospital que está muito bem governado” e que “é dos grandes hospitais num processo de melhoria contínua”, resultado do “trabalho da administração na componente financeira”.

Contudo, Pedro Lopes recusa achar termos de comparação entre os resultados das duas unidades de saúde porque “têm missões e áreas diferentes”. Apesar disso, diz que o número do Centro Hospitalar do Porto “é um valor preocupante, mas seguramente que o conselho de administração procurará traçar o caminho mais correcto na direcção dos melhores resultados”.

Os hospitais do Norte tiveram perdas conjuntas de 62,1 milhões de euros em 2009 e o prejuízo do sector público nacional de saúde aumentou 40% de 2008 para 2009.