Com o aparecimento das novas tecnologias que permitem a leitura dos livros através do suporte digital, a permanência dos livros em papel estará a ser posta em causa? Que futuro está reservado à forma tradicional do livro? Vidal Pinto, responsável pelo armazém da editora Campo das Letras, acredita que o livro em papel “vai perdurar”, mas não tem dúvidas de que as duas versões vão “co-habitar”. Para Vidal Pinto, as pessoas “não conseguem comprar um livro sem pôr a mão no papel e sem ler uma parte dele”.

Manuel Jorge Marmelo, jornalista e escritor, partilha da mesma opinião que Vital Pinto. Não acredita na morte do livro em papel e crê que “existirão sempre leitores que não dispensarão o livro em papel”. Para o escritor, a relação criada entre leitor e o livro em papel é “completamente diferente” e salienta que a “vertente sensitiva do toque e do cheiro” do livro em papel fará com que o livro em papel não acabe.

Sérgio Bastos, consultor de Comunicação em Social Media e autor do ebookportugal, acredita que “os próximos anos prometem uma mudança de paradigma na distribuição”. No entanto, considera igualmente que “os dois formatos de leitura persistirão”. Para o consultor, esta questão é semelhante “à informação media”, salientando que da mesma forma que “a imprensa escrita não foi aniquilada pela rádio, nem esta pela TV”, o livro em papel não está ameaçado.

Apesar de Sérgio Bastos acreditar que os dois formatos vão permanecer, considera que o eBook “é o futuro do livro”. Em Portugal, o iPad ou o eBook, tecnologias que permitem a leitura de livros em suporte digital, ainda não fazem parte do dia-a-dia dos portugueses. No entanto, o consultor relembra que o iPad na América já “registou mais de 600 mil e-books descarregados nos primeiros dias”.

Para Sérgio Bastos, “a maioria das editoras nacionais têm planos, mas não arriscam” e, por isso, são “poucas editoras portuguesas que já avançaram com edições digitais da sua produção”. O consultor acredita “que o iPad seja o motor para a indústria livreira se entusiasmar”. Actualmente, estão disponíveis, milhares de e-books gratuitos. Por exemplo, o Project Gutenberg “tem pelo menos 35 mil”.